16.9.09

Hospital Animal

Por Joaquim Letria

A GENTE TEM DE SE ESCONDER das televisões e ver só o que sabe bem e não faz mal. Senão, fica-se com a cabeça avariada, o gosto estragado, os critérios alterados. Nesse jogo do esconde-esconde, refugio-me em diferentes canais de maneira a poder ver só o que gosto e a não levar com o telelixo no alto da moleirinha.

Um dos meus refúgios é o programa “Hospital Animal”, produzido e transmitido pela BBC antes de vir parar, em boa hora, ao canal “Sic Mulher”, de onde é difundido ao quilo, e ainda bem, pois é daquelas séries que fascina, informa, forma e entretém, prendendo e comovendo muita gente que prescinde de informação e programas de outras estações de tv para não perder aquela série de que não abre mão, em nenhuma circunstância.

O interessante é que para ver “Hospital Animal” uma pessoa tem de se sujeitar a ver o que a “Sic Mulher” tem para mostrar, até porque geralmente nunca vai para o ar à hora anunciada nem começa a horas certas. Daí eu ficar fascinado com um programa de supostos temas femininos dirigido por uma apresentadora que nuns dias está grávida, noutros não está, e quando não é ela, são outras, que podem estar vestidas de Inverno no pino do verão, com botas altas, camisolas de lã e tudo, ou com roupa de verão em pleno inverno. Eu, cá por mim, até me divirto a vê-las, uma vez que estou à espera do “Hospital Animal”. Mas fico a pensar que fazer mal dá o mesmo trabalho do que fazer bem e que se preferem trabalhar assim, sem respeitar quem os vê, depois não se queixem…

«24 horas» de 16 de Setembro de 2009

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2 Comments:

Blogger Diogo Bobone Carvalho said...

Caro Joaquim Letria,
Percebo perfeitamente do que se queixa, pois sou igualmente vítima desse telelixo.
Penso que esse fenómeno se inclui nesta cultura da mediocridade em que hoje se vive e que nos incutem. Quem faz não faz com qualidade porque quem lhes paga para fazer não quer pagar essa qualidade e quem vê também não dá valor a essa qualidade e portanto o melhor é nem nos preocuparmos muito com isso, até porque as coisas têm de aparecer feitas, sem atentar nos pequenos detalhes que fazem toda a diferença. Esta é a mensagem que nos passam nos conteúdos da televisão, mas também nos nossos ambientes profissionais ou até sociais.
De qualquer forma já criei alguns mecanismos para me defender disso: gravo o que quero ver e vejo quando quero, nomeadamente documentários.
Para além disso, também só tenho uma televisão para todo o agregado familiar, para evitar a propagação desse mesmo telelixo.

16 de setembro de 2009 às 14:39  
Blogger Diogo Bobone Carvalho said...

Este comentário foi removido pelo autor.

16 de setembro de 2009 às 14:40  

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