22.10.09

Conselho

Por João Paulo Guerra

Um jornal de referência convidou Santana Lopes para escrever sobre o processo de formação de um governo. Em boa hora o fez e em melhor Santana Lopes aceitou o convite por várias ordens de razões:

1.º PORQUE SANTANA LOPES aparece pouco, o que priva os portugueses de gozar a reflexão de um dos mais destacados filhos da classe política nacional. Desde a noite das autárquicas, em que deambulou rua abaixo, rua acima à porta da sede da candidatura, sempre com as televisões na peugada, Santana Lopes só voltou a falar uma dúzia de vezes para não dizer se vai exercer ou não o mandato de vereador.

2.º Porque Santana Lopes é uma consumada autoridade em matéria de formação de governos. Formou um e tanto bastou para se tornar inesquecível, como foi possível apreciar uma noite destas no Gato Fedorento perante uma antológica edição de sketches com a formação e apresentação do Governo Santana Lopes.

3.º Porque o pensamento de Santana Lopes é um dos maiores vazios na cultura política dos portugueses e não é porque o autor não se esforce por aparecer e dizer coisas. É porque a comunicação nem sempre funciona e os portugueses em geral têm mais que fazer.

4.º Porque, entre outras preciosidades, Santana Lopes dá a José Sócrates um conselho de grande sabedoria, retirado da sua experiência como secretário de Estado do Governo minoritário de Cavaco Silva em 1985-1987: “O traço essencial desse Governo não foi o diálogo mas sim a determinação”.

É assim: o homem pensa, escreve, fala e faz-se luz. Foi preciso Santana Lopes escrever para se entender a génese do tal Governo para dois anos com que sonham e de que falam as oposições. Dois anos ou menos. No exemplo citado, com muita determinação e nada de diálogo, não passou de 18 meses.

«DE» de 21 de Outubro de 2009

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