17.10.09

Maitê - o verdadeiro caso da semana

Por Antunes Ferreira

ESTA SEMANA que hoje termina foi dominada pelo caso Maitê Proença. O assunto, de tão divulgado, comentado e criticado, é do conhecimento generalizado. Mesmo assim, aqui o resumo. A «senhora», que já por várias vezes este por cá – para representar em palco e promover os livros de sua autoria, ou seja, para aumentar a sua conta bancária com a colaboração dos Portugueses – tinha feito um vídeo sobre o nosso País em que escarnecia dos Tugas, ou seja, nos insultava com a gozação, e que passara na TV Globo já em 2007, mais precisamente no programa «Saia Justa».

Mas, ainda que com um belo atraso, o episódio chegou aqui. Um chorrilho de asneiras, umas atrás das outras que culminavam com a «distinta» actriz a cuspir na água da fonte existente nos Jerónimos. (...)

Texto integral [aqui]

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4 Comments:

Blogger Maria said...

Henriquamigo:
Depois de ler e ponderar o teu texto, cheguei à conclusão que estamos a dar importância demais a mulherzinha e, a fazer o que ela quer: publicidade gratuita. Temos mais com que nos ralar.
Quanto ao Miguel, como cavalheiro tentou defender a sua ex dama. O pior é que se resolve defender todas as suas ex damas, não faz mais nada e perdemos um bom escritor.
O anel continua activo
Queijinhos

17 de outubro de 2009 às 10:28  
Blogger J. Maldonado said...

De facto o nosso povo gosta muito de bizantinices mediáticas.
Foi uma celeuma desnecessária, visto que só deu importância a quem não a merecia e revelou o pior da nossa idiossincrasia: baixa auto-estima e mesquinhez.
O PNR deve estar agradecido com esta polémica gratuita...

18 de outubro de 2009 às 01:49  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Alberto Gonçalves (com quem raramente concordo, mas que sempre leio com prazer), escreve hoje, no 'DN':

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'videokilled the video star'

Há dois anos, uma sra. Maitê Proença, que segundo li é actriz de telenovelas, gravou um pequeno vídeo sobre Portugal, à época transmitido num programa da TV Globo. No vídeo, que se pretendia jocoso, a senhora imita o sotaque daqui, mostra uma casa em Sintra com o número da porta invertido e fala de um hotel de cinco estrelas sem técnico de informática. Aparentemente, isto bastou para que um nosso compatriota ressuscitasse agora tamanha irre- levância, promovesse um abaixo-assinado a exigir desculpas (?) e incendiasse a Internet com fúria nacionalista.

O único problema da tentativa cómica da sra. Proença é a falta de graça. Seria potencialmente hilariante se tratasse de características reais e realmente ridículas dos portugueses, como o fascínio pela "cultura" de países do Terceiro Mundo, Brasil incluído, que "compensa" o desconhecimento da cultura do Primeiro. Ou a capacidade de dar importância ao que não possui nenhuma.

Se, por exemplo, os franceses respondessem assim às paródias americanas, a Embaixada dos EUA em Paris seria obrigada a criar um departamento exclusivamente dedicado aos protestos. Nunca ouvi falar de protesto nenhum. Nações a sério concedem a brincadeiras o destaque que as brincadeiras merecem. A ofensa fácil e colectiva exige um caldo notável de presunção, insegurança, boçalidade e atraso de vida. O caso flagrante é o dos povos muçulmanos, que saem à rua em roupa interior sempre que alguém refere Maomé sem a devida vénia. Outro caso, menos flagrante, é curiosamente o brasileiro. Não há muito tempo, um episódio dos Simpsons que retratava o país enquanto um lugar de miséria e insegurança (imagine-se) motivou vasta indignação local, a ponto de altíssimas autoridades ameaçarem processar a produtora Fox.

Em abono do Brasil, lembro que os Simpsons são talvez a série mais influente da história da televisão (e sim, também achincalharam a França). A sra. Proença nem sei quem é. Ou não sabia, que a absurda polémica em curso a tornou célebre numa terra que reage a galhofas falhadas mediante pretextos para galhofas garantidas. Entretanto, a actriz de telenovelas gravou novo vídeo, este com o reclamado pedido de desculpas e a jura, a título justificativo, de que a senhora até goza o presidente (dela). Ou seja, na escala de respeito da sra. Proença os portugueses situam-se abaixo de Lula. E isso já ofende o meu brio lusitano: não haverá um abaixo-assinado contra o segundo vídeo?

18 de outubro de 2009 às 10:20  
Blogger Sepúlveda said...

Não vou dizer que acho piada à Maitê e até é um bocado porquice cuspir na fonte, mas é em qualquer fonte e especialmente por ser para a TV. Mas vejamos:

No nosso Portugal acontece de tudo. Essencialmente, a política, o Estado/governo deixa tudo em pantanas. Inúmeras estórias mal contadas, trapalhadas, interesses e actos obscuros... todos os limites são repetitivamente ultrapassados pelas sucessivas corjas.
Qualquer um é o primeiro a assumir sem qualquer hesitação (por vezes parece que o dizem até com orgulho, como se fossem melhores por desdenharem) que o seu país não vale nada e que está no final de todas as listas em que se gostaria que estivesse mais à frente. (Até ignoram ou preferem não dar importância a certas vantagens ou coisas boas que temos entre nós.)

Mas alguém vir dizer que isto acontece?! Que temos falhas?! E gozar connosco?! Intolerável!
Intolerável?
Então, se poucos se agrupam seriamente para se manifestar e para fazer frente ao rumo que levamos em vários aspectos da governação e ao que nos é imposto, às mentiras em que fingimos acreditar e àquelas em que acreditamos mesmo, a todas as maneiras como somos manipulados; se somos altamente invejosos do sucesso de outros a não ser que também tenhamos algum... mas uma actriz estrangeira, ainda por cima do Brasil que nos escapou como areia pelo meio dos dedos, dizer umas piadolas meio sem graça e gozar connosco e com o nosso país, já não pode? Tenham vergonha.

Ainda por cima em Portugal, onde é socialmente proibido ser patriota, porque pode parecer fascista... isto não é senão um enorme complexo de inferioridade e de querer parecer aquilo que se acha que se devia ser.

Portanto, se percebi bem, muita gente do nosso país vai ficando cheia com a "opressão" estatal mas só explode de raiva e desabafa os sentimentos em cima de alguém inofensivo e sem real poder sobre a sua vida. Aqui já é uma certa cobardia infantil.

Convém não esquecermos que também não hesitamos em usar este tipo de piadas de humor duvidoso econtra qualquer personalidade, país ou povo. A tal liberdade de expressão que tanto prezamos como tesouro. Ela não estava a gozar com a morte de algum ente querido de alguém ou a ser realmente grosseira. Qualquer figura pública detesta que a gozem, mas toda a gente adora assistir ao gato fedorento ou outro programa humorístico.

Deixem-me só acrescentar, por outro lado, que se calhar houve algum interesse com segundas intenções em desenterrar essas imagens com 2 anos para espevitar o Zé e distraí-lo de alguma problemática actual. Mas qual? Ou então surgiu genuinamente por acaso.
Daqui a pouco alguém dizque só por esta afronta ao nosso país já podíamos tentar não seguir o Brasil no acordo ortográfico, esse sim, um motivo para nos chatearmos e fazermos abaixo-assinados e muito mais.

18 de outubro de 2009 às 14:54  

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