O pulha
Por C. Barroco Esperança
Dedicado a «O palhaço», de Mário Crespo, insigne jornalista e honrado cronista. Artigo escrito em 14/12/09 no Jornal de Notícias on-line.
O PALHAÇO DO MÁRIO CRESPO desapareceu do JN, na Internet, mas foi registado em vários blogues e encontra-se por aqui e por ali, levando-me a escrever «O pulha» e a imitar-lhe as ideias, o estilo e o carácter.O pulha é um invertebrado que procura na ofensa a catarse do ódio e da frustração, que, adorando a ditadura, se serve da democracia, que molda com o esterco de que é feito os contornos dos bonecos que cria, que usa adjectivos para substituir as vértebras que lhe minguam e se antecipa a chamar aos outros o que é. (...)
Texto integral [aqui]Etiquetas: CBE
10 Comments:
Hey!
O jornal de sexta da TVI já acabou!
Lol
Mário Crespo esqueceu-se de um tipo de palhaço: aquele que, incapaz de negar o que deu origem ao seu texto, se entrega à veemente e viperina negação do dito. Só porque sim, porque isto da partidarite é em tudo semelhante ao clubismo ferrenho e cego.
Já não há pachorra!
GMaciel:
Há os nossos pulhas e os dos outros.
Como parece que a crónica de M. Crespo já não está disponível na internet, aqui fica ela, para que quem não a leu compreenda o que está em causa:
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O palhaço
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.
A crónica está disponível também nos 2 links do post do Ponte Europa.
Caro Carlos Esperança, com todo o respeito que me merece, volto a discordar. Eu diria que os pulhas são sempre os outros, nunca nóa, como se não tivessemos responsabilidade alguma no estado em que este país está.
Em suma, somos eleitores e pouco mais. E maus eleitores porque adoramos este estado de alternância entre o roque e a amiga, esgrimindo argumentos e críticas contra ou a favor sobre as mesmíssimas asneiras, dependendo do lado da barricada em que estejamos.
É precisamente por isso que digo que já não há pachorra.
Cumprimentos
Caro Carlos Medina, eu conheço o texto, li-o e degluti-o. De outra forma nunca comentaria pois não falo sobre o que não conheço.
Cumprimentos
GMaciel,
Quando decidi afixar o texto, não o fiz por sua causa, mas sim porque achei que as crónica devia estar aqui, bem visível, para ser mais fácil comentá-la e entender os comentários feitos.
Aliás, já fiz isso noutras ocasiões.
Mea culpa, caro Carlos Medina. Não o entendi e peço desculpa pela réplica comprovadamente desajustada. Aliás, também já o fiz - réplicas desajustadas - noutras ocasiões.
:)
cumprimentos
GMaciel:
Creia que é um privilégio podermos discordar, assim como criticar, sem medo.
Quem viveu no tempo dos medos e dos silêncios sabe o que conquistámos e o que podemos perder.
Obrigado pelos seus comentários.
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