Cem anos depois um monárquico...
Por Ferreira Fernandes
COMO TODAS as minorias que não conseguem resolver esse problema, ser minoria, os monárquicos portugueses tendem a cavar entre si novas dissidências. Por exemplo, os monárquicos mais tradicionalistas emprestam aos moderados epítetos que lhes apontam a acomodação ao regime actual: "monárquicos ingénuos", "monárquicos de fachada" e, supremo insulto, "monárquicos republicanos". Essa luta escapa, evidentemente, à generalidade dos portugueses, que é republicana porque sim. A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República (sim, é a isso que ele se candidata) é capaz de vir a trazer para o público a discussão do regime.
Ontem, à Sábado, Nobre disse: "Pertenci uns anos à causa real. Sou simpatizante." Então, está bem. Deve ser mais uma táctica dos monárquicos para resolver o problema. Com o risco de vir a ser criticado pelos seus como o maior dos "monárquicos republicanos", Nobre, se for eleito, pode ser o mais útil da causa: basta-lhe ser um péssimo Presidente para demonstrar a necessidade do Rei. Na Sábado, disse também que quer Olivença de volta. Vai, pois, opor-se ao Rei de Espanha. Não há dúvida, Fernando Nobre é mesmo monárquico: a prova é que, ainda antes de ser eleito, já se dá como prioridade atirar-se a outro monárquico.
«DN» de 26 Fev 10
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1 Comments:
A brincar, a brincar, e dependendo da força que a Nobre candidatura venha a adquirir, isto poderá dar azo a algumas discussões sérias e "perigosas".
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