17.3.10

O inútil sinédrio de Mafra

Por Baptista-Bastos

NO JORNALISMO, como na literatura, o adjectivo é a prosa a tomar partido. Na política, o adjectivo é o embrulho do embuste, da meia-verdade e da omissão. No Congresso do PSD, que não resultou num toque a reunir, o adjectivo abundou, gordo, espalhafatoso e interminável. A direcção da dr.ª Manuela, a pior de sempre daquele partido, foi banhada pelo esplendor do elogio desbragado. A coisa chegou a ser indecorosa. Somente o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, elementar e claro, recusou a metáfora e preferiu a catilinária. Aplicou a pior das desfeitas aos dirigentes que, no seu parecer, praticaram a exclusão, a perseguição e a vingança. A dr.ª Manuela, já de si grave e impávida, estava transparente, confusa e estupefacta. (...)
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1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Tem toda a razão Henrique Raposo quando, a propósito da "Lei-da-rolha" lembra (no Expresso-online), que há por aí muito boa gente com telhados de vidro...

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As outras 'leis da rolha'

A 'lei da rolha' existe em todos os partidos. Até nos partidos "bonzinhos", como o BE. Ou já se esqueceram do que aconteceu a Joana Amaral Dias?


I. Como já disse, esta lei da rolha do PSD é um absurdo, e aparece num momento absurdo. Um partido pode impor as regras que quiser. Um partido é um "clube" fechado, que pode impor os critérios de "pertença" aos seus sócios. Quem aceita pertencer a um partido sabe que, à partida, existem regras que limitam a sua liberdade. E, por isso, até acredito que Santana Lopes tem razão: esta regra é, porventura, comum a muitos partidos europeus. Mas, dentro do actual contexto do PSD, a lei da rolha é apenas a consubstanciação do ressentimento que vigora naquele clube. E o ressentimento não é só de Santana Lopes. O problema é o PSD profundo e "aparelhista" que não perdoa as críticas dos intelectuais mediáticos do partido.

II. Mais uma vez, o PSD mostra que tem um tacto político de um elefante. Numa altura em que é preciso pressionar o PS e José Sócrates na área - precisamente - da liberdade de expressão, o PSD cria este facto político absolutamente desnecessário. Mais uma vez, o PSD dá um tiro no pé, e retira as atenções do verdadeiro problema: as relações difíceis entre José Sócrates e os jornalistas.

III. Mas, agora, vamos lá ver se nos entendemos: a lei da rolha já existe nos outros partidos. Ao que parece, como dizem Henrique Monteiro e Marcelo Rebelo de Sousa , o PS tem uma lei parecida (e é absolutamente patético ver aqueles socialistas que não abrem o bico sobre o caso PT/TVI a fazer agora um enorme banzé por causa da lei da rolha do PSD). No PCP, toda a gente sabe o que acontece aos "revisionistas". O CDS até já expulsou fotos de ex-presidentes. Em relação ao BE, esse anjo angelical, é bom lembrar que Joana Amaral Dias foi ostracizada dentro do partido, depois de tomar posições contrárias a Francisco Louçã.

IV. A 'lei da rolha' existe noutros partidos. O PSD é só idiota o suficiente para aprovar essa lei de forma absolutamente explícita num congresso ultra-mediático.

17 de março de 2010 às 09:47  

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