Falar com os Mortos
Por Maria Filomena Mónica
QUANDO ESTA REVISTA me telefonou a convidar para escrever sobre uma medium, a minha reacção inicial foi negativa. Para minha surpresa, ainda não tinha desligado o aparelho e já dera comigo a dizer que sim. Apesar de avessa a fenómenos sobrenaturais, tinha curiosidade em observar alguém que supostamente fala com os mortos. Devo confessar que nem sempre fui descrente. Durante a adolescência, passei até por fases místicas. Aos 13 anos, após me ter apaixonado pela vidente Jacinta, sofri uma aparição. De cada vez que entrava na capela do colégio, julgava que Nossa Senhora sorria na minha direcção. Irradiando orgulho, anunciei às minhas amigas ser uma vidente, um segredo que estupidamente partilhei com a Madre Superiora, a qual se mostrou tão zangada comigo quanto os jacobinos, em 1917, com os pastorinhos, quando estes apregoaram ter visto, em cima de uma azinheira, «uma senhora mais branca do que o sol». (...)
QUANDO ESTA REVISTA me telefonou a convidar para escrever sobre uma medium, a minha reacção inicial foi negativa. Para minha surpresa, ainda não tinha desligado o aparelho e já dera comigo a dizer que sim. Apesar de avessa a fenómenos sobrenaturais, tinha curiosidade em observar alguém que supostamente fala com os mortos. Devo confessar que nem sempre fui descrente. Durante a adolescência, passei até por fases místicas. Aos 13 anos, após me ter apaixonado pela vidente Jacinta, sofri uma aparição. De cada vez que entrava na capela do colégio, julgava que Nossa Senhora sorria na minha direcção. Irradiando orgulho, anunciei às minhas amigas ser uma vidente, um segredo que estupidamente partilhei com a Madre Superiora, a qual se mostrou tão zangada comigo quanto os jacobinos, em 1917, com os pastorinhos, quando estes apregoaram ter visto, em cima de uma azinheira, «uma senhora mais branca do que o sol». (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: FM
2 Comments:
Há muitos anos fui a reboque de uma amiga que acreditava nisso e lá entrei na casa de uma "vidente". Foi engraçado. A começar, uns quantos chavões para inflamar o ego, seguidos de uns poucos garruços tamanho único a fim de caberem em qualquer cabeça, e a fechar uma meia dúzia de "expectativas" geralmente abordadas pelas estatísticas. Não falou com espíritos, mas afiançou-me que tinha um alto guia - a tal inflamação do ego para os mais incautos. Saí de lá a rir para horror da minha amiga.
Anos mais tarde, quando li a bíblia de fio a pavio para poder falar com conhecimento de causa, "descobri" uma das muitas mentiras da igreja e uma dessas senhoras: do pó viemos e ao pó retornamos. Com a morte... finito, caput, hasta la vista, baby!!!
Mas lá vão fazendo pela vidinha delas, com maior preponderância em tempos de crise como a que vivemos.
ou então não e, tudo é possível entender-se, a partir da altura em que sejamos capazes de estabelecer com o universo uma sintonia perfeita.
a noética, poderá ser o caminho que nos leve a entender a simbiose entre espírito e matéria, no sentido em que um equilibra o outro, num movimento infinito e ininterrupto.
falar com os mortos, é algo que deverá ser cabal... enquanto se mantêm vivos e que se tornará arcano, quando fora do tempo.
e depois... para quê?
para incomodar quem descança?
partindo do presuposto que quem partiu para a vida eterna, passou a ser detentor dos segredos do mundo e se encontra sentado num banco de jardim, à entrada do paraíso, esperando que um vivente (ainda) o consulte e lhe dê a oportunidade de demonstrar todo o potêncial dos seus saberes esotéricos.
ou então... que convide o consultante para uma cervejola fresca, enquanto dão dois intemporais dedos de conversa...
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