13.5.10

A vocação de ensinar

Por Joaquim Letria

NÃO SEI SE A MAIORIA dos professores tem consciência de que ensinar é viver num estado superior do futuro humano. Se bem que transferir conhecimento é inato para o ser humano, fazê-lo habitualmente reflecte um estado evolutivo superior.
Quem assim tem a fortuna de viver, necessariamente exibe um espírito integrado: curiosidade, aprendizagem, generosidade, investigação, disciplina quotidiana. Tudo isto pode ser classificado de emoções funcionais, mas no seu conjunto, o que temos por diante - e que recordo na mão cheia de professores que me marcaram - tem um único nome duma palavra só: vocação!
Mas a vocação não é suficiente para promover a educação e o ensino. A essa emotividade reunida deverá seguir-se o raciocínio. Porque não poderá compreender-se a transferência de conhecimentos se a sua prática não levar a pensar em quem processa o publicado. Por isso, quem deve definir aquilo que se deve expressar na aula deve ser o professor.
Os seres humanos aprendem o que lhes interessa e memorizam aquilo que amanhã é para esquecer. Quem está envolvido nos verdadeiros desafios da educação tem que viver na exigência de construir conhecimentos que interessem. Desde a recolha e classificação de dados da informação a produzir.
«24 horas» de 13 Mai 10

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6 Comments:

Blogger Ribas said...

Nos tempos que correm, mesmo os conhecimentos que interessam têm de ser reavaliados.
Os que não interessam, deviam ser concentrados numa só disciplina que se dedicasse apenas a estimular a busca pessoal desses conhecimentos (supérfluos).
Sou a favor de uma mudança radical de modelo educativo.
As disciplinas, os cursos e as carreiras deviam começar a atender as tendências e as inevitáveis mudanças dos próprios sistemas políticos.
Mais ciência – muita ciência - obrigatória e virada para a sustentabilidade.

13 de maio de 2010 às 14:13  
Blogger José Batista said...

Acontece que hoje os professores estão praticamente impedidos de ensinar. Pelas leis, pelas ordens recebidas, pelos programas, pelos manuais, pelo ambiente criado e pelas estruturas (até físicas, há escolas onde é uma impossibilidade pôr os alunos sozinhos a fazerem testes de avaliação - não o permitem as salas nem o mobilário, por exemplo a ausência de lugares individuais...) etc; tudo de acordo com teorias (pseudo)científicas que "determinam" que é o aluno que constrói o seu próprio conhecimento.
À liguagem que expressa este modo de "ensino" alguém chamou "eduquês". Ora é bem possível que a maioria dos professores que estão no activo, esteja formatada, até inconscientemente, pelo dito eduquês.
De tal modo que não há estado superior a que os professores possam aspirar. E se algum deles saem da "norma", bem podem acabar a levar tareia dos alunos e dos pais, perante a indiferença das hierarquias e do sistema de "justiça". Ou não é o que mostram os factos?
E não obstante, há professores que não se rendem.

13 de maio de 2010 às 15:02  
Blogger José Batista said...

Corrijo: no comentário anterior, no penúltimo parágrafo, onde se lê "algum deles" deve (obviamente) lêr-se "alguns deles"

13 de maio de 2010 às 15:06  
Blogger GMaciel said...

Porque seria fastidioso repetir, faço minhas as palavras de José Batista.

Bem-hajam os que não se rendem, porque dão àqueles que ainda se preocupam com o futuro dos seus filhos, a esperança de que um dia alguma coisa será feita.

13 de maio de 2010 às 15:26  
Anonymous Anónimo said...

Exmos. Senhores,
Num artigo no nosso site, incluimos um link a este artigo.
Podem verificar aqui: http://www.manualescolar2.0.sebenta.pt/projectos/sebenta/posts/330.
Cumprimentos!

22 de maio de 2010 às 20:09  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Muito obrigado!

CMR

22 de maio de 2010 às 20:46  

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