26.10.10

É doença a falta de indignação

Por Ferreira Fernandes

FOI HÁ DUAS semanas e não reparei que tenha sido notícia de jornais ou telejornais. A ter aparecido, foi certamente sem destaque. Só através de blogues soube que o Avante!, jornal do PCP, escreveu sobre o assunto na última edição.
Alguns jovens militantes comunistas queriam pintar um mural junto à Rotunda das Olaias, foram impedidos pela polícia e levados à esquadra. O jornal refere a Lei 97/88 de 17 de Agosto e um parecer do Tribunal Constitucional que legitima a pintura de murais. Se a lei diz isso sobre pintar paredes, a lei é burra. E suja. E duvidando eu que a lei seja tão permissiva, espero que os polícias impeçam que as paredes - como, por exemplo, o são no Bairro Alto - sejam borradas (e lendo o que escrevem, com raras excepções, burradas também). Impeçam como? Detenham os pintadores, levem-nos para a esquadra, processem-nos.
Essa era uma notícia que eu gostaria de ler regularmente nos jornais tal é o crime cometido contra a cidade. Mas, sobre aquela notícia, o Avante! disse também que os jovens levados à esquadra foram "obrigados a despirem-se." Desculpem? Cidadãos levados para a esquadra são obrigados a despirem-se e isso fica em nota breve no jornal partidário interessado e cai em silêncio nos restantes? É tão inócua aquela humilhação que nem importa saber quantas foram a vítimas? Era bom darmo-nos conta da gravidade deste silêncio.

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«DN» de 26 Out 10

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