Porque sou republicano
Por C. Barroco Esperança
SOU republicano porque recuso o carácter divino e hereditário do poder, porque sou cidadão e não vassalo, porque abomino o contubérnio entre o trono e o altar e porque um herdeiro do Iluminismo e da Revolução Francesa é avesso à vénia e ao beija-mão.
Sou republicano por me rever nas instituições que o voto popular sufraga e não nas que a tradição impõe. Aceitar os filhos e netos de uma qualquer família, para lhes confiar o poder do Estado, é abdicar do direito de eleger e ser eleito para as funções que dinastias de predestinados confiscavam. (...)
SOU republicano porque recuso o carácter divino e hereditário do poder, porque sou cidadão e não vassalo, porque abomino o contubérnio entre o trono e o altar e porque um herdeiro do Iluminismo e da Revolução Francesa é avesso à vénia e ao beija-mão.
Sou republicano por me rever nas instituições que o voto popular sufraga e não nas que a tradição impõe. Aceitar os filhos e netos de uma qualquer família, para lhes confiar o poder do Estado, é abdicar do direito de eleger e ser eleito para as funções que dinastias de predestinados confiscavam. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: CBE
10 Comments:
E no entanto, em regime festejada e exuberantemente republicano, estamos onde estamos e como estamos.
E há outros países que, não sendo republicanos, não nos invejam...
Será que os nosso políticos, tão fervorosamente repúblicos, o são mais pelo poder, pelas benesses, e, sobretudo, pela tença?
Desculpem qualquer coisinha, eu não sou monárquico, mas trocava esta república, como todas as que tivemos em Portugal, por qualquer coisa mais higiénica. E não tenho ânimo nem paciência para as comemorações da República, confesso. E pelo que vou vendo não estou só. Por que será que em regime tão virtuoso caminhamos para o abismo? Será que é o povo (e nós como parte dele) que não presta(mos)?
Bom, o Carlos Barroco Esperança que me desculpe, não quero abanar-lhe os alicerces do seu republicanismo, mas... em minha opinião, o Carlos não é um Republicano.
Naquilo qu me é dado perceber, ao ler este texto, é que o Carlos é um anarca sonhador, que simpatiza com o espírito que conduziu os republicanos a depor a monarquia.
Mas é claro, isto não passa de uma suposição, minha.
Fiquei confusa! Se a República é tudo isso, e eu concordo, e se não vivemos numa monarquia, obviamente não, que raio de sistema é o nosso se não se enquadra num ou noutro? Vejamos:
Ser republicano é recusar o poder vitalício e exigir a legitimação periódica, para reparar um erro ou substituir um inapto, num horizonte temporal previamente determinado.
Ok, confirma-se o sufrágio acessível a todos os cidadãos nacionais maiores de 18 anos, mas no que respeita ao pretendido seria necessária uma maturidade democrática que o povo português não tem. Vejam-se os casos de eleitos com o passivo do lado da corrupção e os sucessivos governos pejados de incompetentes muito por conta da escolha do mal menor.
A República é o berço da democracia, o lugar da igualdade de género onde desaparecem privilégios de raça, nascimento ou religião, onde se aceitam todas as crenças, descrenças e anti-crenças, onde o livre-pensamento, a laicidade e a liberdade de expressão definem a matriz genética do regime.
Certíssimo, mas a igualdade quer-se na prática e não na teoria. Igualdade de géneros é uma falácia muito usada, mas veja-se a realidade de salários, cargos e, é verdade, a célebre cota feminina imposta porque doutra maneira nem esse irrisório número se obteria. Vejam-se os cargos de administração de públicos e privados e estabeleça-se a equivalência entre o género feminino e masculino, e acordem. Quanto à liberdade de expressão, não me parece que à manipulação da informação se possa chamar de liberdade. Quantos jornais e televisões estão verdadeiramente livres de qualquer pressão? Pois!
Ser republicano é servir dedicada e abnegadamente o País sem se servir dos cargos que os eleitores confiam, ser honrado na utilização dos meios, sóbrio no exercício do poder e determinado na defesa do bem comum.
Eheheheh… desculpe-me mas não posso deixar de rir. Vivemos uma oligarquia partidária e empresarial composta por uma elite visceralmente predadora, intrinsecamente parasitária e altamente corrupta. Não me parece que haja qualquer semelhança entre a prática comum e a teoria plasmada.
Ser republicano é exigir que homens e mulheres gozem de igualdade plena, que a escola pública seja a via para a equidade, a saúde um direito universal e a liberdade a conquista irreversível.
E aqui deixo de ter vontade de rir. Conhecer a realidade deste país é saber de moto próprio que tudo isto não passa de uma declaração de boa fé, infelizmente. E enquanto olharmos para o que achamos que temos e não para o que realmente vivemos, não sairemos deste lodo que nos tolhe os movimentos e debilita a vontade. Estamos como o alcoólico que não pode ser tratado enquanto não reconhecer que tem um problema.
Viva a República!
Não posso deixar de agradecer os três comentários como uma homenagem à República e ao pluralismo que são seu apanágio.
Obrigado, também, pela atenção que o texto mereceu.
Esse argumento de que os três comentários são uma homenagem ao pluralismo está muito estafado. Foi muito usado no PREC pelas "campanhas de esclarecimento", que por sua vez os tinham aprendido da revolução russa.
Uma boa tareia dos três comentadores, seriam uma definição mais correcta.
Caro Traque:
É a sua interpretação.
Quanto à associação ao PREC é que errou o alvo.
Mas agradeço-lhe também o comentário.
Não veja pelo lado da agressão, Traque.
Esqueçamos o PREC e os objectivos que pretendeu atingir.
Estamos a viver o hoje com a experiência do passado, mas na optica do diálogo, o qual, quanto mais amplo e aberto se mostrar, melhores frutos poderá gerar.
E o Bartolomeu tirou-me as palavras do teclado.
Está dito!
:)
Gostava de poder ver esse teclado...
;)))
LOL
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