2.10.10

Debaixo do braço

Por Antunes Ferreira

ENTROU no elevador da Glória com o DN debaixo do braço, como fazia antigamente para se identificar em encontro novidade com moça que pusera um anúncio para troca de opiniões, menina séria, de 29 anos, solteira, prendada, com bons meios de subsistência. Responder ao número 259-B deste jornal. Tivera diversas entrevistas com anunciantas, pois se elas eram femininas, umas mais sérias, outras menos prendadas, outras ainda depenadas de massas. Mas o meio utilizado para ser reconhecido era sempre o periódico.
Bons tempos esses, em que saía do emprego, depois de dar o até amanhã da praxe aos colegas e, sobretudo, ao chefe, não fosse o Diabo tecê-las, e se dirigia ao Príncipe Real, ao Jardim da Estrela, ao miradouro de Santa Luzia ou ao passeio em frente da igreja do Loreto, tudo lugares decentes, como a maioria das conversadoras anunciara que era. (...)

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