Boas Frestas em Belém
Por Ferreira Fernandes
SÓCRATES E CAVACO desejaram-se Boas Frestas. Frestas, fendas, fissuras, rachas... Sócrates falou um minuto, Cavaco falou dois minutos (ele agora vale sempre por dois, candidato e Presidente). Sócrates garantiu a Cavaco "fidelidade do Governo aos valores da lealdade". Meter dois conceitos tão similares (fidelidade e lealdade) e em discurso tão curto deveria fazer desconfiar o destinatário. Cavaco respondeu a Sócrates que estes cumprimentos natalícios são "uma tradição a preservar". É insinuar de que daqui a um ano eles poderiam voltar a encontrar-se naquela sala - o que soa a anestesiar a vítima antes da chicotada psicológica. Nestas trocas sibilinas ouviu-se Sócrates a pedir a Cavaco (ele pedia a todos mas era a Cavaco que se dirigia) "empenhamento". Por seu lado, Cavaco deixou cair, e, por duas vezes (já disse: ele, agora, é só em dose dupla), a palavra "responsabilidade". Passou-se tudo no Palácio de Belém, na Sala dos Embaixadores, onde, se não chegou a haver diplomacia de canhoneira, a de florete foi evidente. Cavaco desejou aos ministros "um ano tão próspero quanto possível, tão feliz quanto possível"... Mais agoirento era impossível. No fim, Sócrates convidou Cavaco a fazer a fotografia no meio do Governo, e todos sorriram. Só faltou o ministro das Finanças e faltar as finanças foi a única coisa sincera no meio de tudo isto.
«DN» de 24 Dez 10SÓCRATES E CAVACO desejaram-se Boas Frestas. Frestas, fendas, fissuras, rachas... Sócrates falou um minuto, Cavaco falou dois minutos (ele agora vale sempre por dois, candidato e Presidente). Sócrates garantiu a Cavaco "fidelidade do Governo aos valores da lealdade". Meter dois conceitos tão similares (fidelidade e lealdade) e em discurso tão curto deveria fazer desconfiar o destinatário. Cavaco respondeu a Sócrates que estes cumprimentos natalícios são "uma tradição a preservar". É insinuar de que daqui a um ano eles poderiam voltar a encontrar-se naquela sala - o que soa a anestesiar a vítima antes da chicotada psicológica. Nestas trocas sibilinas ouviu-se Sócrates a pedir a Cavaco (ele pedia a todos mas era a Cavaco que se dirigia) "empenhamento". Por seu lado, Cavaco deixou cair, e, por duas vezes (já disse: ele, agora, é só em dose dupla), a palavra "responsabilidade". Passou-se tudo no Palácio de Belém, na Sala dos Embaixadores, onde, se não chegou a haver diplomacia de canhoneira, a de florete foi evidente. Cavaco desejou aos ministros "um ano tão próspero quanto possível, tão feliz quanto possível"... Mais agoirento era impossível. No fim, Sócrates convidou Cavaco a fazer a fotografia no meio do Governo, e todos sorriram. Só faltou o ministro das Finanças e faltar as finanças foi a única coisa sincera no meio de tudo isto.
Etiquetas: autor convidado, F.F
2 Comments:
Muito bom!
E, com sinceridade, um Bom Natal para todos.
Um Feliz Natal para todos!
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