22.12.10

O rebuçado

Por Baptista-Bastos

ÍAMOS, os cinco, nos Restauradores. O dinheiro era pouco e, por isso mesmo, rateado. Fazia frio e éramos felizes. Decidimos, dentro do frio e na nossa felicidade frugal, sentarmo-nos na casa dos sorvetes e comer meia cassata. Antigamente, no tempo do frio, ninguém, em Lisboa, comia gelados, e arrepiávamo-nos quando víamos, nos filmes, miúdos e graúdos a lamber cones de sorvete. Mais tarde, muito mais tarde, em Moscovo, surpreendi o deleite, para mim inaudito, de ver magotes de gente a medir-se com enormes invólucros de plástico repletos de sorvetes de várias cores. Caminhava pelas ruas cheias de neve, na companhia do meu amigo José David Lopes, camarada do Diário de Notícias, e resolvemos beber vodca pelo gargalo de uma garrafa avulsa, acaso como retaliação absurda pela quantidade de pessoas lambedoras de sorvete. (...)

Texto integral [aqui]

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2 Comments:

Blogger GMaciel said...

Emocionou-me, caro Baptista Bastos. E como é bom emocionarmo-nos com a beleza de um gesto simples, livre de supérfluos, limpo de sofismas... o tipo de gestos que se perderam no tempo.

Obrigada pela partilha.

Bom Natal.

22 de dezembro de 2010 às 14:23  
Blogger R. da Cunha said...

Não interessa que é vero, mas é bonito.

22 de dezembro de 2010 às 19:19  

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