Carlos Amigo, estamos todos contigo
Por Antunes Ferreira
A ÚLTIMA VEZ que estivemos juntos, lembras-te Carlos?, foi no almoço do aniversário do nosso Sorumbático deste ano. No final, ficámos na chalaça nós os dois, acompanhados pelo nosso «patrão» outro Carlos, o Medina Ribeiro. Lembras-te, estou certo, meu Amigo.
E da primeira vez, penso que também te lembras: eras um puto vindo de Moçambique, conhecemo-nos nas escadas da Faculdade de Direito, era eu já um calmeirão, três anos mais velho do que tu: nomeaste-me teu «padrinho», à revelia, pois claro e ficámos amigos para sempre.
Estivemos juntos em muitas coisas & loisas & aventuras & malandrices. Na TSF, no Acontece, na Mais, eu sei lá em que outros, mas a sério, a sério, no Jornal Novo. Em que privámos, combinámos, colaborámos, conjurámos, inventámos tudo o que fosse impossível. No 31 da Armada (o restaurante), onde durante o dia nasciam quatro revoluções, seis golpes, e outros tantos contra-golpes. Sob o olhar agudo do Artur Portela e o complacente do José Sasportes.
Desses tempos guardo-te, Carlos, numa gaveta muito especial do meu coração, até hoje meio secreta, agora estupidamente vazia. E do tempo em que te lixaram na RTP, em que atiraram com o teu e nosso Acontece pela janela mais infecta. Aventaram, como tu dizes, alentejano por escolha e devoção.
Estou para aqui a debitar prosa sem saber exactamente o que é esta paridela. Só tenho uma safa: tu estás uma vez mais e sempre comigo. A notícia que o Medina Ribeiro me deu pelo telefone não existe, nunca existiu, nunca existirá. Porque tu não mereces que outra coisa seja. Estás por cá, a rir-te como sempre, com o Cartão da Alegria no bolso do casaco – e cheio de vontade de o exibires.
Um tipo bué da fixe, como dizem os meus netos e, sabe-lo bem, eu também. Bastava isso para sermos amigos em todos os momentos: nos bons, mas, especialmente, nos maus.
Carlos Amigo, estamos todos contigo.
E da primeira vez, penso que também te lembras: eras um puto vindo de Moçambique, conhecemo-nos nas escadas da Faculdade de Direito, era eu já um calmeirão, três anos mais velho do que tu: nomeaste-me teu «padrinho», à revelia, pois claro e ficámos amigos para sempre.
Estivemos juntos em muitas coisas & loisas & aventuras & malandrices. Na TSF, no Acontece, na Mais, eu sei lá em que outros, mas a sério, a sério, no Jornal Novo. Em que privámos, combinámos, colaborámos, conjurámos, inventámos tudo o que fosse impossível. No 31 da Armada (o restaurante), onde durante o dia nasciam quatro revoluções, seis golpes, e outros tantos contra-golpes. Sob o olhar agudo do Artur Portela e o complacente do José Sasportes.
Desses tempos guardo-te, Carlos, numa gaveta muito especial do meu coração, até hoje meio secreta, agora estupidamente vazia. E do tempo em que te lixaram na RTP, em que atiraram com o teu e nosso Acontece pela janela mais infecta. Aventaram, como tu dizes, alentejano por escolha e devoção.
Estou para aqui a debitar prosa sem saber exactamente o que é esta paridela. Só tenho uma safa: tu estás uma vez mais e sempre comigo. A notícia que o Medina Ribeiro me deu pelo telefone não existe, nunca existiu, nunca existirá. Porque tu não mereces que outra coisa seja. Estás por cá, a rir-te como sempre, com o Cartão da Alegria no bolso do casaco – e cheio de vontade de o exibires.
Um tipo bué da fixe, como dizem os meus netos e, sabe-lo bem, eu também. Bastava isso para sermos amigos em todos os momentos: nos bons, mas, especialmente, nos maus.
Carlos Amigo, estamos todos contigo.
Etiquetas: AF
3 Comments:
Acabava de te enviar um email, meu amigo. Entro aqui. E descubro que morreste; assim de repente, com tudo a acontecer. Quantos dias e quantas noites bonitas vivemos. Como irmãos, cúmplices e companheiros desta guerra imensa da cultura. Foste um cavaleiro, Carlos. Um homem q estabeleceu pontes entre esqª e direita. Agora q tudo estava bem e entusiasmante um aneurisma parou-te. Ainda n acredito. Q vou fazer ao teu telemóvel? Às brejeirices de eternos epicuros sem maldade? Onde encontrar ouvidos para te enviar as piadas q eu supunha mais inteligentes? Como vamos assim outra vez por essa estrada fora? Merda, Carlos. Juro. Fazes-me falta!
Este comentário foi removido pelo autor.
Perante a surpresa da notícia vim logo ao Sorumbático.
Que falta fazem pessoas como Carlos Pinto Coelho e que saudade deixa nos que aprenderam a estimá-lo e respeitá-lo.
Acontece... dolorosamente.
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