22.2.11

De dor de cabeça em dor de cabeça

Por Ferreira Fernandes

O VICE-EMBAIXADOR líbio nas Nações Unidas pediu à comunidade internacional que intervenha, não vá o Governo (o do vice-embaixador) continuar "o genocídio"...
Estamos falados, Kadhafi já teve melhores dias (à hora em que escrevo, passa o rumor de que estaria a caminho do exílio). Isolado durante muito tempo como terrorista que foi, nos últimos anos o líder líbio caiu nas graças da União Europeia, incluindo o Governo português. Kadhafi tinha um argumento e soube chantageá-lo bem: são 2 mil quilómetros de costa mediterrânica e 4 mil de fronteiras com seis vizinhos africanos: "Não querem uma invasão? Paguem!", lançou no Verão passado. Na altura, a Líbia exigia que a União Europeia pagasse o controlo das fronteiras líbias com o Níger e com o Chade. Havia esta discussão sobre os preços: a Europa oferecia 20 milhões de euros, Kadhafi queria 5 mil milhões... Sem isso resolvido, chegou-se ao actual levantamento popular, o mais mortífero dos que têm eclodido nos países muçulmanos.
A Europa arriscou uma posição firme exigindo ao regime líbio que oiça as "aspirações legítimas" do povo. A Itália, a vizinha da frente, foi a mais cautelosa, porque também a mais interessada na chantagem final de Kadhafi: "Vamos deixar de cooperar com a Europa sobre a imigração ilegal..." Há dois milhões de africanos, não líbios, no país.
Solução? Não tenho nenhuma, claro. Só estou a alinhar dados.
«DN» de 22 Fev 11

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1 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

Kadhafi no exílio, isso ainda se está para ver. De qualquer maneira a Líbia não tem um Estado que possa ser derrubado (são concelhos tribais na base da pirâmide numa democracia direta). Sem Kadhafi seria necessário a construção de um Estado de raiz e duvido que exista Oposição, organizada ou não, para tal. E não esquecer o valor supremo: o petróleo. Que, obviamente, é mais importante que tudo o resto, e manterá Kadhafi no poder.

23 de fevereiro de 2011 às 08:02  

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