28.2.11

Fósforo

Por João Paulo Guerra

DEVE HAVER estados membros da NATO mortinhos por deitar um fósforo sobre o petróleo todo que há na Líbia e em geral em todo Al-Maghrib e arredores. A Líbia e Argélia são dos maiores produtores e exportadores mundiais de petróleo; ali bem perto, o Irão é o que se sabe - mas aí talvez os Aliados atlantistas não se atrevam a pôr os pés nem sequer a mão; na Arábia Saudita também não, embora certamente não lhes falte vontade. Mas o gigante mundial da produção e exportação mundiais de petróleo deve estar a sentir-se bem pressionado com revoltas em todo o imenso perímetro do país, entalado entre o Iraque que os patrões da NATO transformaram numa terra queimada com poços de petróleo por conta, e um Canal do Suez ribeirinho de um Egipto que não se sabe o que vai ser.

E aí está, proposta pelo respectivo secretário-geral, uma reunião da NATO para "discutir a situação na Líbia". Tendo em conta que todas as últimas guerras - e algumas das penúltimas - foram desencadeadas por motivo do controlo da protecção, exportação e armazenamento do petróleo, ponto 1 e, ponto 2, que a NATO - aliança "defensiva" e do "Atlântico Norte" - instigou, promoveu ou participou em todos os grandes conflitos desde que ficou sozinha na competição mundial, será caso para temer. Temer o quê? Que a Líbia passe de deserto verde dominado por um louco para um território em chamas, onde só se governam os interesses da rapina.

Para que isso acontecesse, não seria tão despropositada como possa parecer à primeira vista a alegação final do ditador Mouammar Kadhafi de que o seu país e o seu regime estão a ser alvo da Al-Qaeda e de Osama Bin Laden. Que melhor pretexto para a intervenção da NATO, ou simplesmente dos norte-americanos com as ordenanças do costume?
«DE» de 28 Fev 11

Etiquetas: ,