O vídeo-choque do choque ao preso
Por Ferreira Fernandes
UM VÍDEO da prisão de Paços de Ferreira causou ontem escândalo. Mostra polícias a desalojar um preso da sua cela. Este sujava-a - ou era louco ou era provocador. Em todo o caso, a cela precisava de ser posta na ordem, que é o que se pede de uma cela. O preso, no vídeo, nunca reagiu de forma violenta. Os polícias também não, com este porém: usaram um taser, arma que liberta uma descarga eléctrica.
É usado por muitas forças policiais europeias e dos Estados Unidos, e em prisões, com cautelas. Em linguagem de relatórios, diz-se para ser usado só "em caso de necessidade ou de proporcionalidade." Leia-se: se um preso avança para agredir um guarda ou se esfaqueia um colega, pode ser usado. Porque um taser, que em princípio não é letal, pode sê-lo - em cardíacos, por exemplo.
No princípio deste mês, o Presidente Sarkozy, em visita a uma esquadra em Orleães, foi apresentado a um taser: "Experimentou-o em si próprio?", perguntou ao polícia. Este respondeu: "É a regra. Isso permite saber as capacidades do material." Houve sorrisos, mas não está mal como método.
Aquele preso de Paços de Ferreira, como todos, tinha e tem de obedecer aos guardas. E estes têm de fazer tudo para serem obedecidos - tudo, até chegar a dar-lhe um tiro. Mas até chegar ao tudo há etapas e a boa gestão destas faz os bons guardas. Dar uma descarga eléctrica a um preso quieto é um salto abusivo de uma etapa.
«DN» de 24 Fev 11UM VÍDEO da prisão de Paços de Ferreira causou ontem escândalo. Mostra polícias a desalojar um preso da sua cela. Este sujava-a - ou era louco ou era provocador. Em todo o caso, a cela precisava de ser posta na ordem, que é o que se pede de uma cela. O preso, no vídeo, nunca reagiu de forma violenta. Os polícias também não, com este porém: usaram um taser, arma que liberta uma descarga eléctrica.
É usado por muitas forças policiais europeias e dos Estados Unidos, e em prisões, com cautelas. Em linguagem de relatórios, diz-se para ser usado só "em caso de necessidade ou de proporcionalidade." Leia-se: se um preso avança para agredir um guarda ou se esfaqueia um colega, pode ser usado. Porque um taser, que em princípio não é letal, pode sê-lo - em cardíacos, por exemplo.
No princípio deste mês, o Presidente Sarkozy, em visita a uma esquadra em Orleães, foi apresentado a um taser: "Experimentou-o em si próprio?", perguntou ao polícia. Este respondeu: "É a regra. Isso permite saber as capacidades do material." Houve sorrisos, mas não está mal como método.
Aquele preso de Paços de Ferreira, como todos, tinha e tem de obedecer aos guardas. E estes têm de fazer tudo para serem obedecidos - tudo, até chegar a dar-lhe um tiro. Mas até chegar ao tudo há etapas e a boa gestão destas faz os bons guardas. Dar uma descarga eléctrica a um preso quieto é um salto abusivo de uma etapa.
Etiquetas: autor convidado, F.F
8 Comments:
Há uma grande diferença em usar uma arma com objetivos dissuasores ou com fins punitivos.
Se se trata dum preso com problemas mentais (o que tudo leva a crer), retrocedeu-se à prática dos eletrochoques corretivos?
Mas o que há a esperar duns adultos muscularmente hipertrofiados que brincam em serviço com escudos do Hulk?
Não concordo que o uso da taser tenha sido o salto de uma etapa.
Achei muito bem aplicado, dado o historial do recluso que conta (segundo noticiado) com várias agressões e arremesso de dejectos aos guardas.
Era previsível uma resistência física do recluso, e, da força física para pôr termo a essa resistência poderiam ter resultado maiores danos físicos tanto para o recluso como para os guardas.
E neste último caso, as agressões seriam consideradas justificadas, por se enquadrarem na legítima defesa. Ninguém falaria, apesar do recluso, eventualmente, sofresse ferimentos vários.
Ó Ribas... palábradonra... espetar cuma descarga eléctrica num gajo que está desarmado, preso num cubículo, tendo mais 4 gorilas atrás, mesmo que o gajo fosse o drácula, ou o tarzan três bordas, é um acto de cobardia em primeiro lugar.
Depois, se o fulano sofre de disturbios mentais, deve ser sujeito a tratamento, porque em primeira instância, é um ser humano. E como diz mais atrás o Jarra, nos tempos actuais, praticam-se nos estabelecimentos psiquiátricos, actos de tratamento mais evoluídos, que os primitivos choques eléctricos.
Se o problema do recluso, é ser mal educado e agressivo, penso que 4 ou 5 gorilas serão mais que suficientes para o imobilizar, em lugar de 5.000 volts no lombo, durante 5 segundos... (dizem eles que são 5.000 volts durante 5 segundos, mas, como têm a faca e o queijo na mão, até podiam ser 10.000 durante 10 msegundos, que pró caso seria o mesmo).
Agora, se estivermos a falar de um bacano que se encontra armado e enfrenta um bófia sózinho... bom, nesse caso até a basuca se pode considerar adequada.
Caro Bartolomeu,
O estabelecimento prisional não decide quem fica à sua guarda. Se o indivíduo tem distúrbios psicológicos, é ao juiz ou ao delegado de saúde quem cabe fazer essa triagem e encaminhamento.
Cinco "gorilas" ou "chimpanzés" como queira chamar aos guardas da prisão, seriam com toda a certeza suficientes para "imobilizar" o homem. Mas com que consequências? Não seria isso cobardia? O taser é uma arma limpa, estudada e testada para evitar o confronto físico. Isto dava uma crónica infofóbica - versão bélica - para o Medina Ribeiro, de resistência à utilização da ciência na segurança.
alvez seja somente uma questão de ponto de vista, caro Ribas. No meu, aquilo que conta é o fim e os meios para que seja alcançado, tendo sempre, o mais possível presente, a preservação da dignidade humana, quer do recluso, quer dos guardas prisionais.
A adicionar a tudo isto, ha que ter em conta a opinião pública, porque somos um Estado e porque este estado se rege por uma constituição que coloca os direitos humanos em primeiro plano.
Sabemos bem que não é o estabelcimento prisional que escolhe os reclusos, mas isso pró caso não demonstra nada e, se o juiz e o delegado de saúde não atestaram a saúde mental do recluso, penso que não compete aos guardas aplicarem a terapia que entendem mais conveniente, pelo contrário, uma vez que têm um contacto mais directo com o recluso e talvez, com maior facilidade se aperceberão da necessidade de o mesmo ser sujeito a tratamento psiquiátrico.
Demonstração de coberdia, em minha opinião, continua a ser, como se vê no filme, 5 caramelos irromperem pela cela aos berros e em simultâneo a dirigerem-se ao recluso com uma pseudo-deferência, tratando-o por senhor e em seguida ferrarem-lhe com um balázio de 5.000 voltes nos costados. E ainda, equipados como se fossem intervir na cova da moura, para deter um gang armado de tráfico de droga.
No mínimo, o tipo que assiste televisivamente à cena, dá um salto no sofá e pensa... xiça, e se um dia me vejo metido numa alhada destas?! É que, caro Ribas... também acontece um gajo ir malhar com os ossos na pildra e estar 100% inocente... às vezes só se vem a apurar essa inocência depois de muitas descargas eléctricas no caparro.
E no fim, o injustiçado, recebe um dispicente pedido de desculpas, assim como que a dizerem-lhe; tá bem, vai lá mas se apareceres cá outra vez, asté os fígados te comemos.
Estou chocada! É uma verdadeira violação dos direitos humanos? Mas de quem afinal?
Talvez do criminoso, que não sabemos quantos direitos humanos ele violou para ir para a tão digna cela em termos de higiene e condições pagas por todos contribuintes, quais ou quantas vidas violou a inocentes e suas famílias de as viverem e prosseguirem de forma digna. O que é que isso importa? Não foi a minha, não foi de nenhum familiar meu e nem de algum meu amigo… não importa para nada! Coitadinho do criminoso, talvez tenha roubado um saco de pão para comer, e lá estava sossegadinho na sua cela, quando de forma abrupta foi agredido por gorilas e chimpanzés!
Talvez dos guardas ou da policia, que ao lhe garantirem direito a um aposento digno, direito à saúde. alimentação, recreio, formação e salário e mestria de aperfeiçoamento na sua profissão com o convívio com outros mestres, que habitam celas vizinhas, ao lhe levarem diariamente, tipo mordomos o tal tabuleiro com uma das suas várias refeições diárias, (alimentação variada, fiscalizada por nutricionistas, não vá o senhor ficar doente)e ainda são recompensados pelo ilustre senhor, com fezes dele próprio que as fazia e espalhava pela cela e atirava à cara dos guardas, sabe-se lá por quê? Por que lhe apetecia, porque preferia um bife do lombo ao invés da posta de bacalhau… ou então, porque coitadinho, mal tratado e privado da sua liberdade como direito humano, ficou louco… até claro, sair em liberdade. Como estes senhores só têm direitos, (nada de responsabilidades) e até realizar o direito de violar a vida de mais algum inocente e ainda ter o azar de ser apanhado por gorilas e chimpanzés e voltar para uma outra cela, só aí volta ao seu estado de loucura novamente.
Claramente, que os gorilas e chimpanzés desses guardas prisionais, deveriam ter convidado o senhor a ir degustar uma requintada refeição ao prestigiado “Tavares”, um SPA para se higienizar enquanto levavam mais uns arremessos de fezes a escorrer cara abaixo e limpavam a cela do senhor, que ao que parece um mero cidadão calmo e inofensivo…
Belas férias… constatar a opinião publica mediante a actuação da policia perante estes e outros casos, só me resta ponderar que, se algum dia na minha vida, tiver o infortúnio de cometer um crime, que terei a garantia de um tratamento de princesa, que serei protegida pela atenção e cuidados de todos e quando sair em liberdade, ainda venho com a mestria, aprendida entretanto com os mestres que me acompanharam na minha formação/estadia prisional. Se algo correr mal, entretanto, passo logo a vítima de loucura (com todos os direitos humanos reservados na Constituição da República Portuguesa) e … tenho um futuro brilhante pela frente…
Deixo à reflexão...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carmen;
Proponho que não confundamos a rua do meio, com o meio da rua, quero dizer que não contesto a prisão de alguém que tenha cometido um crime, seja ele de que tipo for.
Contesto situações como aquela que nos foi mostrada pelas imágens. Tenho a certeza que o pessoal prisional, dispõe de meios correctivos e educativos, mais humanos e dignos que aquele de imobilizar um indivíduo, induzindo-lhe choques electricos. Isto não quer dizer, obviamente que ache digna a atitude do recluso, sobretudo, se atira dejectos aos guardas.
E estas opiniões, nada têm a ver com achar que um recluso deva ser tratado com mordomias, mas sim, como um ser humano, aplicando-lhe os métudos necessários relativamente a cada possível situação, mas nunca, métudos exagerada e manifestamente desnecessários e desumanos.
Será que fui suficientemente claro?!
;)
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