8.2.11

O milagre da recuperação

Por Nuno Crato

A MENTE humana arquiva informação e recupera informação. Até há pouco tempo admitia-se que estes processos cognitivos funcionavam separadamente: arquiva-se a informação na memória e vai-se buscá-la depois. No entanto, alguns estudos recentes da psicologia cognitiva sublinharam que o processo de retenção da informação não é distinto do processo da sua recuperação e que este último reforça o primeiro. Sendo assim, a actividade de teste torna-se um processo de aprendizagem, pois a recuperação de conhecimentos vai consolidar a sua assimilação.
A experiência dos professores dá indicações no mesmo sentido: testando os alunos está-se a ajudá-los a aprender. No entanto, algumas teorias pedagógicas separaram os dois processos e desenvolveram argumentos contra a avaliação, opondo-a à chamada «aprendizagem significativa».
Texto integral [aqui]

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3 Comments:

Blogger José Batista said...

Caro Professor Nuno Crato:

Agradeço mais este seu texto.
E peço-lhe que não me julgue sobranceiro ou pretensioso, mas, como já levo mais de um quarto de século como professor de biologia do ensino secundário, em várias escolas de vários distritos do país: de Coimbra, de Lisboa, de Leiria, de Viana do Castelo e de Braga, ininterruptamente, depois de receber os conteúdos das disciplinas ditas pedagógicas na licenciatura do ramo educacional, em Coimbra, e depois num curso de mestrado, na Universidade do Minho, passei a valorizar muito mais a minha experiência bem como a dos meus colegas do que as "inovações" continuadas das chamadas "ciências da educação". E vem de longe a minha aversão aos famosos "mapas de conceitos", muito bons para quem tem dificuldades de expressão na língua pátria, mas inúteis enquanto factores de aprendizagem. E tive, sobre este assunto, violentas discussões com o Dr Mário Freitas, um homem das ciências da educação da Universidade do Minho que, na primeira metade da década de noventa do século passado, alguns apontavam como pioneiro da introdução desses esquemas em Portugal, após tê-los estudado com Novak, nos EUA. À custa disso classificou-me ele com uma das notas mais baixas da disciplina que lhe coube ministrar, na vez de um catedrático da mesma área que lha confiara. E só não baixou mais a dita classificação porque o próprio catedrático a isso se opôs, mesmo não tendo dado aula nenhuma... Só que não alterou em nada o meu pensamento, o que em nada importaria, comparado com o prejuízo decorrente da formatação das cabeças de muitos professores que, como eu, lhe aturaram a insistência no método...
Quanto ao conceito de aprendizagem significativa, digamos apenas que Ausubel bem podia ter tentado fazer alguma coisinha melhor quando o propôs. E tenho para mim que, dentro de não muitos anos, quando for geral o sentimento de que é redundante no seu significado, para não dizer outra coisa... havemos de ter vergonha de ter perdido tempo com tal palavreado.
Será que esta gente (estes "especialistas") não entendem que antes de eles inventarem estas e outras tretas já havia professores de elevada categoria?
Ah, se ao menos os obrigassem a dar aulas, para verem como é...
Desculpe ter-me alongado.
Obrigado, outra vez.
Sou: José Batista da Ascenção, Braga.

8 de fevereiro de 2011 às 18:01  
Blogger Nuno Crato said...

Caro Dr. José Batista,

Só tenho a agradecer o seu comentário.
Creio que o Ausubel tem algumas coisas interessantes, mas as "aprendizagens significativas" tornaram-se um chavão sem significado. Muito obrigado pela experiência que partilhou conosco neste seu comentário.
NC

8 de fevereiro de 2011 às 23:07  
Blogger José Batista said...

Caríssimo Professor:

O agradecido sou eu.
A si. Há muito tempo.

José Batista

9 de fevereiro de 2011 às 16:08  

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