20.10.11

Consensos

Por João Paulo Guerra

QUEM disse que “os portugueses estão asfixiados com impostos que incidem sempre sobre os mesmos” não foi nenhum dos oradores da concentração dos Indignados, nas escadarias do Parlamento, mas o engenheiro Belmiro de Azevedo no Encontro sobre a Re-industrialização do Norte.

Quem afirmou que o Orçamento do Estado para 2012 é "um suicídio assistido à classe média", contribuindo para "um ambiente de amargura e de falta de ânimo" na população não foi um esquerdista anónimo participante na concentração, em Lisboa ou outra cidade do país, mas um docente da ISCTE - Business School.

Quem declarou que "aquilo a que assistimos, cujas consequências se estenderão por muito tempo, do ponto de vista jurídico chama-se um desvio de bens, porque o tratamento do dinheiro foi feito não por gente honesta mas por aves de rapina, que no vocabulário português têm o nome de ladrões" não foi o secretário-geral do PCP, mas o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira.

Quem disse que "a nacionalização do BPN está a custar ao Estado, neste momento, o montante preciso de 4,5 mil milhões de euros" não foi o professor Francisco Louçã, mas o próprio Ministério das Finanças, em resposta a perguntas do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda.

Quem considerou a Madeira uma "ilha desonesta" não foi nenhum dirigente do Partido da Nova Democracia, mas sim o Financial Times.

Quem declarou que não paga "nem mais um tostão" não foi qualquer pensionista, funcionário público, desempregado, ou chefe de família endividada, mas sim o doutor Alberto João Jardim.

Quem proclamou que o povo português é dos mais insatisfeitos com a vida que leva não foi qualquer dirigente oposicionista, nenhum sindicalista, nem mesmo um porta-voz da Geração à Rasca, mas sim 64% dos inquiridos para um estudo da OCDE.

«DE» de 20 Out 11

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

E quem diz que Portugal é um país de trampa, ao serviço de "políticos" mentirosos, oportunistas e incompetentes - e muitas vezes corruptos -, isto é, daquela mesmíssima massa, sou eu.

Temos por isso a obrigação de desprezá-los. No mínimo.

20 de outubro de 2011 às 22:12  

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