16.12.11

Pior que crime foi um erro estúpido

Por Ferreira Fernandes

QUANDO Napoleão mandou matar o duque d'Enghien e pôs as casas reais europeias contra a França, Talleyrand, apesar de ministro do general, disse: "Pior do que um crime, foi um erro estúpido."
Traduzindo, Jacques Chirac pode ser culpado da corrupção (um crime) que o condenou esta semana mas nunca faria as declarações (um erro) do deputado socialista Pedro Nuno Santos sobre "marimbar-se para os nossos credores".
Chirac foi um fino político, e isso é o que mais nos falta. Nuno Santos demonstrou ser só um animador de jantares e, pior, ele traduz a atitude comicieira da maioria da nossa classe política.
Na oposição, o PSD esteve contra as medidas na Educação e na Saúde que, hoje, no Governo, aplica - falta de sentido de Estado igual à do deputado socialista.
Por prever essa irresponsabilidade geral, escrevi, aqui, no dia 6 de Junho (dia seguinte às eleições): "Ontem, só ouvi um político do PSD, o retirado Mira Amaral, e o líder do CDS, Paulo Portas, lembrarem o PS. Pode parecer despropositado perante o desaire do PS, mas foi sábio para quem reconhece que o que vale são os dias, meses e anos que vêm aí. Mais do que meter o PS no Governo ou combinar com ele maiorias parlamentares, trata-se de uma atitude de diálogo. E não se trata de fazer um favor ao PS, mas de responsabilizá-lo na solução da nossa crise. Pensem nisso, antes que os factos obriguem a pensá-lo daqui a seis meses."
Passaram seis meses e lamento ter tido razão.
«DN» de 16 Dez 11

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