Entretanto, no PSD, um original
Por Ferreira Fernandes
A ÚLTIMA vez que a poesia entrou na política portuguesa vai para dez anos: em 2002, Margarida Sousa Uva dedicou o poema "Sigamos o cherne", de O'Neill, ao marido. Este concorria, então, para o modestíssimo cargo de primeiro-ministro de Portugal - e sabe-se onde depois chegou.
Ontem, o jornal Público contou-me que para presidente do PSD, nas eleições internas de março, o único candidato é até agora Nuno Miguel Henriques, um declamador. "Em cada um de nós circula o cherne...", diz um dos versos de O'Neill, e o nosso Henriques não é exceção.
Como já repararam, nos últimos tempos a política anda amorfa, pouco dada a arroubos de originais como este declamador.
O'Neill fez os versos inspirado no filme O Mundo do Silêncio, de Jacques Cousteau, e o atual mundo do silêncio fez saltar o declamador Henriques - isso é inspirador, apesar da derrota certa (o adversário será Passos Coelho).
Diz-me a notícia que Henriques é um homem de convicções: um dia participou num anúncio televisivo e fez, naturalmente, de laranja. E é político típico, avesso aos números: no anúncio não conseguia dizer o que ficava entre 99 e 101. E é também salta-pocinhas: num congresso em 2008, começou por ser mandatário de um candidato e acabou a apoiar outro... Não importa, o que importa é que a gente vai-lhe ao blogue e as primeiras palavras que saltam são de Pessoa: "Ai que prazer/ não cumprir um dever..." É de um belo e rebelde antitroikatismo primário.
«DN» de 9 Jan 11A ÚLTIMA vez que a poesia entrou na política portuguesa vai para dez anos: em 2002, Margarida Sousa Uva dedicou o poema "Sigamos o cherne", de O'Neill, ao marido. Este concorria, então, para o modestíssimo cargo de primeiro-ministro de Portugal - e sabe-se onde depois chegou.
Ontem, o jornal Público contou-me que para presidente do PSD, nas eleições internas de março, o único candidato é até agora Nuno Miguel Henriques, um declamador. "Em cada um de nós circula o cherne...", diz um dos versos de O'Neill, e o nosso Henriques não é exceção.
Como já repararam, nos últimos tempos a política anda amorfa, pouco dada a arroubos de originais como este declamador.
O'Neill fez os versos inspirado no filme O Mundo do Silêncio, de Jacques Cousteau, e o atual mundo do silêncio fez saltar o declamador Henriques - isso é inspirador, apesar da derrota certa (o adversário será Passos Coelho).
Diz-me a notícia que Henriques é um homem de convicções: um dia participou num anúncio televisivo e fez, naturalmente, de laranja. E é político típico, avesso aos números: no anúncio não conseguia dizer o que ficava entre 99 e 101. E é também salta-pocinhas: num congresso em 2008, começou por ser mandatário de um candidato e acabou a apoiar outro... Não importa, o que importa é que a gente vai-lhe ao blogue e as primeiras palavras que saltam são de Pessoa: "Ai que prazer/ não cumprir um dever..." É de um belo e rebelde antitroikatismo primário.
Etiquetas: autor convidado, F.F
6 Comments:
E porque não??? Porque na prática sou diferente e espero ser sempre...Sou Português de Portugal, sem viver da política, mas com a coragem de dizer o que penso e é preciso.
Bem haja pelas palavras, mas mais do que um anúncio de publicidade, trabalho na cultura portuguesa em todo o lado, já vou com 25 anos de estrada...
Muitos poetas, muitas peças, algum público, etc, etc...
Passos Coelho fez casting para o La Féria no Teatro, mas não entrou, isto depis de eu ter feito o tal famoso anúncio, onde ganhei dinheiro e paguei impostos por isso. Mas eu sou militante com 20 anos de partido e represento todos aqueles que querem mudar a sério. Em breve conto também com a vossa presença num debate de ideias e soluções, um abraço, Nuno Miguel Henriques
Num congresso, começar por ser mandatário de um candidato e acabar a apoiar outro é... ser diferente?
!?...
Peimeiro tal facto não e verdadeiro. Isso leva-nos a outros dados, alias os atentos sabem que já nem existem candidatos em congressos pois as eleicoes sao directas. Mas a diferenca positiva e muito mais que essas questoes. Já agora convido-o para participal numa das proximas iniciativas abertas para debater comigo o pais e o partido. Um ab, nmh. Via tm
Se não é verdadeiro, podia tê-lo desmentido antes, no seu comentário anterior ao texto que o refere.
Confirmo que deixei há muito de prestar atenção acurada ao que se passa em congressos partidários. Por incapacidade de aceitar tanta hipocrisia, golpes baixos, oportunismo, aldrabice, incompetência e falta de respeito.
Mas para discutir o país estou sempre disponível. Com quem quer que seja. A todo o momento.
Pela vida interna do seu partido não consigo interessar-me. Desgosta-me. São muitos maus exemplos. Como em outros partidos. De resto, no que respeita às juventudes partidárias, e aos "funcionários" e líderes que delas têm saído, partilho muitas das opiniões do seu correlegionário Pacheco Pereira.
Mas debaterei consigo, embora não saiba o que é a "via tm".
@José Batista
"Via tm" quererá dizer, julgo eu, "via telemóvel".
Preferindo (e escolha você os casos apropriados) poderá significar também "via tGV mILITÂNCIA".
Olá Mg
Que pouco intuitivo (e atualizado?) que eu sou.
Porventura a segunda via que sugere até será a mais "adequada". Eu é que não tenho "queda".
Obrigado pelo humor.
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