A via do aviário para sair da crise

Por Ferreira Fernandes

AO FIM de três anos e picos, a crise acabou. E, como tantos diziam, só se estava à espera de uma atitude enérgica de quem de poder.
A Comissão Europeia decretou e a coisa agora vai. É verdade que para os cidadãos comuns dói saber que não somos nós, mas as altas instâncias, quem resolve as questões decisivas. Foi sempre assim, até o soviético Leon Trotsky o reconheceu: "A crise da revolução mundial é a crise da direção da revolução mundial."
A pobreza, Salazar acabou com ela multando os pés descalços. O imperador Bokassa acabou com a burguesia decretando o fim da burguesia. E, agora, a Comissão Europeia acabou com a crise. Para isso abriu, na semana passada, um processo de infração contra 13 Estados membros. E sendo Portugal, como seria de esperar, um dos processados, vamos acompanhar de perto o processo de recuperação.
O que temos de fazer, segundo a Comissão Europeia? Grosso modo, isto: passar as "gaiolas não melhoradas" das galinhas poedeiras para "gaiolas melhoradas". É a diretiva 1999/74/CE, antiga de 12 anos, o que mostra quão prescientes são os nosso líderes, às vezes demoram é a aplicar. Em pormenor, eis as decisões: nove galinhas por m2, para cada uma 15 cm de poleiro, ninho, um por sete galinhas e espaço para esgaravatar. Cumpra-se.
Sendo uma poedeira a maneira de um ovo fazer outro ovo - no fundo, a definição mais simples do bom funcionamento económico - temos interesse em cumprir a diretiva.

«DN» de 3 Fev 12