13.3.12

À brava

Por João Paulo Guerra

O CASO da nomeação e exoneração do Dr. Francisco Manso pela Dra. Ana Manso, respetivamente marido e mulher, começa com o caso da nomeação da Dra. para o cargo que lhe permite nomear e exonerar seja quem for.

A Dra. Ana Manso foi nomeada para presidir ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Guarda atropelando o convite para o cargo, dirigido e aceite pelo gestor público José Biscaia. Poderá não ter sido um caso nacional mas na Guarda não se falou de outra coisa durante alguns dias. Não é que a senhora não tivesse currículo - tem sim um rol imenso de cargos que exerceu ou exerce - mas o convite e a aceitação ao Dr. Biscaia eram públicos e o atropelo suscitou alguma indignação. Acontece que não houve tempo para pensar ou dizer "o que lá vai, lá vai".

Apanhando-se titular do cargo, a Dra. Ana Manso não perdeu tempo em nomear o marido para auditor interno do organismo para cuja presidência acabava de tomar posse. Caberia ao marido proceder ao controlo interno nos domínios clínico, contabilístico, financeiro, operacional, informático e de recursos humanos da unidade presidida pela mulher, se bem se entende. Ora o caso aumentou a onda de indignação na Guarda, pelo que a Dra. Ana Manso exonerou o marido em 48 horas.

É isto que o Dr. Passos Coelho designa por «vontade de ir ao pote», negando embora que essa seja a expetativa no seio do PSD: «ir ao pote», «jobs for the boys», «tachos». Mas afinal por alguma razão o PSD, tão adepto da Troika para uma coisas, se opõe à Troika nas nomeações por concurso público. É que os concursos sempre dificultam que alguns social-democratas mansamente se nomeiem uns aos outros à brava.
«DE» de 13 Mar 12

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