O meu herói nas próximas semanas

Por Ferreira Fernandes

ACHO que vou iniciar uma série sobre um fenómeno: Sarko.
Em abril e maio, dois turnos das presidenciais francesas, com uma segunda volta - um clássico Direita-Esquerda, Nicolas Sarkozy contra o socialista François Hollande - de desfecho imprevisível. Porém, L'artiste, e nada mudo, será Sarko. O apagado Hollande irá sublinhar ainda mais a personalidade do adversário.
Nicolas Sarkozy entra com Carla Bruni num salão e toda a gente olha para Sarkozy. O seu fulgor, "multidão, cheguei!", é tão bling-bling como um medalhão de cantor de rap.
Há dias, em Nice, os seus apoiantes gritavam, "Nicolas, Président!", enquanto ele falava aos microfones das televisões. Sarko voltou--se para os seus e disse: "Schiu!" Eles não acataram e, não se importando por estar a ser filmado, Sarko ordenou: "Mandem-nos calar!".
Antes de ser Presidente, ele queria "ser o califa no lugar do califa". Agora que chegou lá, quer continuar a sê-lo. Programa claro. Sarko é um homem completamente focado: em Sarko, o seu tema favorito.
Ontem, em Villepinte, nos arredores de Paris, num comício grandioso, defendeu um protecionista "Buy European Act" (compre europeu!) e ameaçou acabar com os acordos de Schengen. Ele, que nos últimos anos tem liderado a Europa, com Merkel, em defesa de duas políticas opostas a essas. Sarko muda muito porque está sempre à volta de si próprio.
Se calhar é perigoso ter um líder assim, mas ele é ótimo para ser contado.

«DN» de 12 Mar 12