17.4.12

A vassoura, essa arma mentirosa

Por Ferreira Fernandes

O PARTIDO Liga do Norte cresceu à volta do slogan "Roma ladrona, la Lega non perdona". Vista do norte do país, região onde a Liga recolhe a sua força, Roma, capital funcionária e corrupta, seria a causa de todos os males. Azar: recentes escândalos financeiros incriminaram a direção da Liga do Norte e levaram à demissão do seu fundador, Umberto Bossi. Este foi substituído por um triunvirato dirigido por Roberto Maroni, que ainda há um ano era ministro do Interior, então cego às falcatruas do seu partido.
Mas em gente que faz do moralismo o seu nicho de mercado nunca é tarde para ganas de honestidade: "Pulizia! [Limpeza!]", grita agora Maroni. Há comícios em que ele se limita à palavra, repetida: "Pulizia! Pulizia! Pulizia!" De ministro das polícias a varredor, pois, para ilustrar todo o seu programa, ele ergue um dos símbolos políticos mais perigosos: a vassoura. "La scopa di Maroni", a vassoura de Maroni, já é dos títulos mais batidos dos jornais italianos. Na verdade, nem de Maroni é.
A vassoura foi sempre um inquietante instrumento político dos que querem reduzir a pó os seus adversários: há cartazes e fotos de propaganda, de Lenine a Joseph McCarthy, armados dessa vontade de varrer os outros. No Brasil, em 1961, o populista Jânio Quadros tornou-se Presidente empunhando uma, e gritando: "A vassoura é a espada do povo!" Depois, Jânio meteu a vassoura na despensa e abriu a porta à ditadura.
«DN» de 11 Abr 12

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