Até Obama tropeça em palavras
É
FALSO que Jan Karski tenha visto antes dos outros. Ele viu o que outros
viram mas importou-se.
Karski (1914-2000), polaco, foi homenageado
anteontem pelo Presidente Obama por ter sido o homem que avisou os
Aliados sobre o Holocausto. Católico, membro da resistência polaca
contra a ocupação nazi, em 1942 ele visitou clandestinamente o gueto
judeu de Varsóvia e um campo de trânsito para Belzec, o primeiro campo
de extermínio nazi. Enviado a Londres pela resistência, o testemunho de
Jan Karski é o primeiro, detalhado, sobre a intenção nazi da "solução
final." Em meados de 1943, ele encontra-se com o presidente americano
Roosevelt. Uma frase de Felix Frankfurter, jurista judeu e conselheiro
de Roosevelt, define o muro que o polaco encontrou: "Eu não digo que
Karski esteja a mentir, eu digo que não posso acreditar." Hoje,
acredita-se, não é? Daí a homenagem póstuma de Obama. Mas este disse, no
seu discurso, que Karski "visitou um campo da morte polaco". A
referência "polaco" era geográfica, não do símbolo de uma nação. Porém,
desde ontem há um levantamento na Polónia contra Obama, e os polacos têm
razão: o campo era nazi.
Houve polacos que fecharam os olhos a
Auschwitz, Treblinka e Belzec, mas também houve justos como Jan Karski.
Obama, o das palavras de encantar, deveria saber também que há palavras
que não podem ser substituídas por outras. Um campo nazi é um campo nazi
e nada é igual.
«DN» de 31 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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