2.5.12

Pingo Doce faz saldo do 1.º de Maio

Por Ferreira Fernandes
COMO diziam, ontem, os rapazes dos blogues: "Pingo Doce, 50, CGTP e UGT, 0." Uma abada! 
Se a Fundação Francisco Manuel dos Santos tiver por lá um sociólogo, ontem foi dia grande para análises. 
Diz-me a menina da caixa: "Então não há de haver sociólogo?! Até temos a Pordata, estatísticas, gráficos e indicadores de Portugal..." Ótimo, pois há nova percentagem: com 50 por cento de desconto os portugueses não se importam de andar à lambada por uma embalagem de iogurtes, esperar duas horas (ticket n.º 287 e já vai no 53) por um quilo de costeletas e arrastar pelo chão a margarina e as fraldas, aos pontapés delicados, na bicha para a caixa, porque faltavam carrinhos e as mãos levavam já um bolo e duas garrafas. 
É nestes momentos que os sociólogos nos abrem horizontes: um deles, de voz funda, magro e de barba, explica-me o erro de vermos um sinal de consumismo nas manifestações que, à volta da bandeirola "Esvaziar as prateleiras, já!", se desenrolaram em todo o País. Pelo contrário, disse, estavam ali as massas mais conscientes, capazes de se libertar do jugo burocrático dos sindicatos que usurparam o 1.º de Maio! Reparei que o sociólogo confirmava o resultado dos rapazes dos blogues. 
A modernidade está imparável, concluí. Ambicioso, pedi mais lutas: "No Dia de Natal também vai haver promoção, claro..." O sociólogo cofiou a barba, ficou ainda mais grave e calou-se. Receio que o Pingo Doce não queira levar a revolução longe de mais. 
«DN» de 2 Mai 12

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1 Comments:

Blogger Maria said...

Que coisa triste!
Que coisa nojenta!
Que coisa asquerosa!
E não digo mais nada, porque corro o risco de ser mal educada.
Maria

2 de maio de 2012 às 13:04  

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