12.5.12

Podem rir mas é deprimente

Por Ferreira Fernandes
NO DIA 29 de junho de 2011, a jornalista angolana Cristina da Silva publicou no Jornal de Angola (JA): "São necessários 17 mil milhões de dólares para novas infraestruturas de eletricidade até ao ano de 2016." 
O JA foi para a rua e vendeu a notícia por 50 kwanzas (0,40 euroeuros). O JA cumpriu a sua função social, espalhou a notícia. 
No dia seguinte, no outro lado do mundo, o site Macauhub publicou: "Angola necessita de 17 mil milhões de dólares para investir na produção de energia elétrica até 2016." O Macauhub difundiu a notícia pela Internet, grátis. O Macauhub cumpriu, ele é pago pelo Governo de Macau para potenciar negócios entre a China e os países de língua portuguesa. 
Nesse mesmo dia, um funcionário do SIED, serviço de espionagem português, fez um relatório com a notícia acima referida. Essa notícia chegou ao seu ex-chefe Jorge Silva Carvalho, que a enviou a 40 pessoas, assim: "Angola necessita de 17 mil milhões de dólares para investir na produção de energia até 2017." 
Para dar notícias destas (nesse dia ele deu mais nove, todas de agências públicas, Lusa, AFP, Reuters...), Silva Carvalho foi para a Ongoing ganhar 40 mil euros por mês, como foi noticiado. 
Três conclusões, todas chocantes: 
1) em Portugal, esconde-se, não se difunde; 
2) em Portugal, custa 40 mil o que noutros pontos do mundo é gratuito ou quase; e 
3) o careiro vende gato por lebre (não é "2017", é "2016"). 
E esses três pontos estão ligados.
«DN» de 12 Mai 12

Etiquetas: ,