"Eles comem tudo"
Por Manuel António Pina
COMEÇAM a vir a público as notícias (para já do sector das bebidas e da
Centromarca, que reúne as empresas de produtos de marca) que eram de
esperar: na badalada promoção do Pingo Doce no 1.º de Maio, Alexandre
Soares dos Santos é que pôs as barbas e o barrete vermelho mas o Pai
Natal foram os seus fornecedores.
Soares dos Santos nega tudo e desafia, em tom de velada ameaça:
"Eu gostava de saber quem são esses fornecedores que se queixam". O que
se passa, diz ele, é que alguns fornecedores "estão alinhados" com o
Pingo Doce... Só que, segundo a "Agência Financeira", os fornecedores
"receiam que os seus produtos sejam retirados dos supermercados do
grupo, caso não alinhem".
Já no sector agroalimentar, o oligopólio
da distribuição propicia a proletarização dos produtores nacionais, a
quem Pingo Doce e demais supermercados impõem os preços que entendem,
sob pena de irem comprar ao estrangeiro (mais caro, mas "castigando-os"
com o não escoamento dos produtos). Albino Silva, da Associação de
Lavoura do Distrito de Aveiro, não pode ser mais claro: "É à nossa custa
que o Pingo Doce está a dar os produtos praticamente de graça (...)
acaba[ndo] com a nossa agricultura".
Por algum motivo, o Pingo
Doce pode vender 43 milhões (vendas brutas) em produtos com descontos de
50% e, mesmo assim, continuar, como afirma Soares dos Santos, a vender
acima do preço de custo.
«JN» de 12 Mai 12Etiquetas: MAP
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