11.5.12

"Eles comem tudo"

Por Manuel António Pina 
COMEÇAM a vir a público as notícias (para já do sector das bebidas e da Centromarca, que reúne as empresas de produtos de marca) que eram de esperar: na badalada promoção do Pingo Doce no 1.º de Maio, Alexandre Soares dos Santos é que pôs as barbas e o barrete vermelho mas o Pai Natal foram os seus fornecedores. Soares dos Santos nega tudo e desafia, em tom de velada ameaça: "Eu gostava de saber quem são esses fornecedores que se queixam". O que se passa, diz ele, é que alguns fornecedores "estão alinhados" com o Pingo Doce... Só que, segundo a "Agência Financeira", os fornecedores "receiam que os seus produtos sejam retirados dos supermercados do grupo, caso não alinhem".
Já no sector agroalimentar, o oligopólio da distribuição propicia a proletarização dos produtores nacionais, a quem Pingo Doce e demais supermercados impõem os preços que entendem, sob pena de irem comprar ao estrangeiro (mais caro, mas "castigando-os" com o não escoamento dos produtos). Albino Silva, da Associação de Lavoura do Distrito de Aveiro, não pode ser mais claro: "É à nossa custa que o Pingo Doce está a dar os produtos praticamente de graça (...) acaba[ndo] com a nossa agricultura".
Por algum motivo, o Pingo Doce pode vender 43 milhões (vendas brutas) em produtos com descontos de 50% e, mesmo assim, continuar, como afirma Soares dos Santos, a vender acima do preço de custo.
«JN» de 12 Mai 12

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