14.5.12

A prova de que ver futebol educa

Por Ferreira Fernandes
MOREIRA de Cónegos (população: 4853; curiosidade local: um jornal chamado O Cónego) e Manchester (população: 3,6 milhões; curiosidade local: começou lá a Revolução Industrial). 
Ontem, o Moreirense jogava para subir à I Divisão, onde já não ia há seis anos, e o Manchester City, para ganhar a Premier League, o que não acontecia há 44 anos. Adversários: o Covilhã e o Queens Park Rangers (QPR), com o susto de descerem. 
Ainda não sei como o minhoto O Cónego vai contar, mas já sei o que disse o Guardian sobre ontem: "A única palavra para descrever é bedlam (casa de malucos)." O City, o clube mais rico do mundo, para saber se o dinheiro dá felicidade bastava-lhe ganhar. Já ganhava 1-0 na primeira parte, mas o jogo virou para 1-2. O City tomou posse da grande área do QPR na meia hora mais brutal e impotente do futebol mundial: remates mil, golo nenhum. Nas bancadas tapava-se a cara e espreitava-se por um olho, mas nada. Aos 90, o City tinha perdido o campeonato. Mas nos descontos, em três minutos ganhou-o: 3-2. Delírio. 
Em Moreira de Cónegos, delírio do Moreirense que, empatando (1-1), subiu de divisão, e delírio também do Covilhã. Estranho, porque pela classificação desceu. Mas o presidente do Covilhã disse para os jogadores aguentarem o empate porque o clube talvez se safe com o alargamento que talvez venha aí. 
O Guardian que me desculpe, mas bedlam é em Portugal, onde se celebram (em delírio) hipóteses de secretaria. 
«DN» de 14 Mai 12

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