A prova de que ver futebol educa
MOREIRA
de Cónegos (população: 4853; curiosidade local: um jornal chamado O
Cónego) e Manchester (população: 3,6 milhões; curiosidade local: começou
lá a Revolução Industrial).
Ontem, o Moreirense jogava para subir à I
Divisão, onde já não ia há seis anos, e o Manchester City, para ganhar a
Premier League, o que não acontecia há 44 anos. Adversários: o Covilhã e
o Queens Park Rangers (QPR), com o susto de descerem.
Ainda não sei
como o minhoto O Cónego vai contar, mas já sei o que disse o Guardian
sobre ontem: "A única palavra para descrever é bedlam (casa de
malucos)." O City, o clube mais rico do mundo, para saber se o dinheiro
dá felicidade bastava-lhe ganhar. Já ganhava 1-0 na primeira parte, mas o
jogo virou para 1-2. O City tomou posse da grande área do QPR na meia
hora mais brutal e impotente do futebol mundial: remates mil, golo
nenhum. Nas bancadas tapava-se a cara e espreitava-se por um olho, mas
nada. Aos 90, o City tinha perdido o campeonato. Mas nos descontos, em
três minutos ganhou-o: 3-2. Delírio.
Em Moreira de Cónegos, delírio do
Moreirense que, empatando (1-1), subiu de divisão, e delírio também do
Covilhã. Estranho, porque pela classificação desceu. Mas o presidente do
Covilhã disse para os jogadores aguentarem o empate porque o clube
talvez se safe com o alargamento que talvez venha aí.
O Guardian que me
desculpe, mas bedlam é em Portugal, onde se celebram (em delírio)
hipóteses de secretaria.
«DN» de 14 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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