2.5.12

Sem pingo de vergonha

Por Manuel António Pina 
O 1.º DE MAIO, que se comemora em todo o Mundo, evoca a luta dos trabalhadores de Chicago e a repressão policial que, nesse dia e seguintes de 1886, provocou dezenas de mortes entre os operários que reclamavam não mais de 8 horas de trabalho por dia.
O patronato não gosta do 1.º de Maio, como não gosta de jornadas de trabalho de "apenas" 8 horas. E, como os tempos vão de feição, este ano, à semelhança de 2011, as grandes superfícies, propriedade de alguns dos "Donos de Portugal", romperam o compromisso de fechar nesse dia. Por isso os sindicatos convocaram uma greve dos trabalhadores dessas lojas, em geral precários e miseravelmente pagos.
O Pingo Doce não esteve com meias medidas: para evitar que os seus empregados aderissem à greve, anunciou para ontem (só ontem) uma "promoção" de 50% em compras de mais de 100 euros, usando o desprezível processo de atirar consumidores contra trabalhadores e humilhando estes com um dia de trabalho se possível ainda mais penoso, no meio do caos generalizado, filas, discussões, agressões e incidentes de toda a ordem.
Lá longe, na Holanda, Alexandre Soares dos Santos deve estar a rir-se. Ele sabe bem que, como diz um anúncio do seu Pingo Doce, nas "'promoções', baixa-se o preço de um lado e aumenta-se do outro e (...), quando se fazem as contas, gastou-se mais do que se poupou".
«JN» de 2 Mai 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Começo a pensar (a sentir) que os donos do país e do mundo (os senhores do dinheiro) estão a ir depressa demais.
E aos pobres, aos deserdados, aos escravos de quem manda resta perceber que, para morrer de fome, não vale a pena tamanha servidão...
E então, quando se levantarem, talvez não fique pedra sobre pedra...
Sendo que será sempre entre eles, os pobres, os deserdados, os escravos... (e os seus filhos...) que o número de "baixas" será maior.
Mas, que alternativa lhes (nos) deixam?...

2 de maio de 2012 às 22:16  

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