Sem pingo de vergonha
Por Manuel António Pina
O 1.º DE MAIO, que se comemora em todo o Mundo, evoca a luta dos
trabalhadores de Chicago e a repressão policial que, nesse dia e
seguintes de 1886, provocou dezenas de mortes entre os operários que
reclamavam não mais de 8 horas de trabalho por dia.
O patronato
não gosta do 1.º de Maio, como não gosta de jornadas de trabalho de
"apenas" 8 horas. E, como os tempos vão de feição, este ano, à
semelhança de 2011, as grandes superfícies, propriedade de alguns dos
"Donos de Portugal", romperam o compromisso de fechar nesse dia. Por
isso os sindicatos convocaram uma greve dos trabalhadores dessas lojas,
em geral precários e miseravelmente pagos.
O Pingo Doce não esteve
com meias medidas: para evitar que os seus empregados aderissem à
greve, anunciou para ontem (só ontem) uma "promoção" de 50% em compras
de mais de 100 euros, usando o desprezível processo de atirar
consumidores contra trabalhadores e humilhando estes com um dia de
trabalho se possível ainda mais penoso, no meio do caos generalizado,
filas, discussões, agressões e incidentes de toda a ordem.
Lá
longe, na Holanda, Alexandre Soares dos Santos deve estar a rir-se. Ele
sabe bem que, como diz um anúncio do seu Pingo Doce, nas "'promoções',
baixa-se o preço de um lado e aumenta-se do outro e (...), quando se
fazem as contas, gastou-se mais do que se poupou".
«JN» de 2 Mai 12Etiquetas: MAP
1 Comments:
Começo a pensar (a sentir) que os donos do país e do mundo (os senhores do dinheiro) estão a ir depressa demais.
E aos pobres, aos deserdados, aos escravos de quem manda resta perceber que, para morrer de fome, não vale a pena tamanha servidão...
E então, quando se levantarem, talvez não fique pedra sobre pedra...
Sendo que será sempre entre eles, os pobres, os deserdados, os escravos... (e os seus filhos...) que o número de "baixas" será maior.
Mas, que alternativa lhes (nos) deixam?...
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