O negócio das reformas
Por Manuel António Pina
A IDEIA já foi lançada, e não por acaso pelo presidente executivo da
AIG, um dos impérios financeiros que esteve na origem da actual crise:
os governos devem, montando as costas largas da crise financeira,
aumentar a idade da reforma "para os 70, 80 anos". Os cidadãos europeus
que se vão, pois, habituando à estimulante ideia de entregar durante 50
ou 60 anos parte dos seus salários ao Estado ou a um grupo financeiro -
até onde continuar a ser possível discernir uma coisa da outra - e só
começar a receber de volta, em suaves prestações mensais, o resultado
desse investimento mediante apresentação da certidão de óbito.
Para o CEO da AIG, o céu é o limite. Tomando como exemplo a
Grécia, recomenda uma nova receita austeritária: pôr "as pessoas a
trabalhar mais tempo e [retirar] essa carga aos jovens" ("carga" há
muito retirada pelo programa da troika: o desemprego jovem na Grécia já é
superior a 50%).
Mas a Grécia é, de facto, um bom exemplo. Os
gregos têm, conforme dados citados pela "Dinheiro vivo", uma esperança
média de vida de 81,3 anos. Reformando-se aos 80, o Estado e as
seguradoras a quem terão confiado, durante décadas de vida e de
trabalho, os seus descontos, só lhes pagariam, em média, um ano e quatro
meses de pensões.
Imagine-se quantas pagariam em Portugal, onde a esperança média de vida é, segundo os últimos números do INE, de 79 anos.
«JN» de 19 Jun 12Etiquetas: MAP
1 Comments:
Bem regressado, caro Manuel António Pina.
Muito bem regressado.
Eu vinha aqui e não o via. Não o via.
Não o via.
Mas regressou.
O que é bom.
Agora não "fuja".
Bem haja.
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