Dito & Feito
Por José António Lima
OS NÚMEROS da execução orçamental no final de Maio, com uma quebra das
receitas fiscais e um crescimento da despesa em subsídios de desemprego,
vieram trazer «um aumento dos riscos e incertezas», nas palavras do
ministro Vítor Gaspar, quanto ao cumprimento do défice de 4,5% em 2012.
Sem
mais medidas de austeridade, o défice deverá ultrapassar os 5,5% no
final do ano. Passos Coelho diz que «o processo de consolidação
orçamental tem vicissitudes e tem riscos, não é uma ciência exacta» e
recusa antecipar cenários: «É cedo para estar a falar em quaisquer
medidas de austeridade».
Já os arautos do facilitismo, como
António José Seguro, não desperdiçaram, como se esperava, esta
oportunidade e este percalço para porem mais uma vez em causa o
cumprimentos do memorando da troika (que eles próprios pediram e
assinaram) e para pedir aos nossos credores mais tempo e, porventura,
mais dinheiro. Entre a exigência de Portugal manter a palavra e os
compromissos assumidos ou o facilitismo de pedinchar benesses e
adiamentos, já se percebeu para que lado cai o PS.
Mas a verdade é
que só se apresentam duas soluções para esta derrapagem orçamental. Ou o
Governo espera que Bruxelas e a troika, depois de reverem os prazos do
programa da Grécia, tomem a iniciativa de alargar para 2013 a meta do
défice de 4,5% em Portugal, ou Passos Coelho e Vítor Gaspar terão mesmo
que lançar mão de novas medidas de austeridade. Sabendo que o ambiente
político e social é o menos favorável para tal decisão. E que o próprio
Presidente da República já avisou «que se vê pouco espaço para que se
possam exigir mais sacrifícios a quem já foi muito sacrificado».
Cavaco
Silva acrescentou, no entanto, uma saída possível: «Só se eventualmente
se pensar naqueles que, até ao momento, tenham sido poupados». E também
o presidente do BPI, Fernando Urich, veio dizer que «há sectores de
actividade e segmentos da população que ainda têm alguma margem de
manobra» para mais austeridade. Irão, finalmente, acabar as facilidades e
tratamentos de excepção a empresas como a EDP, a PT, a Galp, a própria
banca?
Também aqui a opção é entre a exigência ou o facilitismo do costume.
«SOL»Etiquetas: autor convidado, JAL
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