3.7.12

Dito & Feito

Por José António Lima
OS NÚMEROS da execução orçamental no final de Maio, com uma quebra das receitas fiscais e um crescimento da despesa em subsídios de desemprego, vieram trazer «um aumento dos riscos e incertezas», nas palavras do ministro Vítor Gaspar, quanto ao cumprimento do défice de 4,5% em 2012.
Sem mais medidas de austeridade, o défice deverá ultrapassar os 5,5% no final do ano. Passos Coelho diz que «o processo de consolidação orçamental tem vicissitudes e tem riscos, não é uma ciência exacta» e recusa antecipar cenários: «É cedo para estar a falar em quaisquer medidas de austeridade».
Já os arautos do facilitismo, como António José Seguro, não desperdiçaram, como se esperava, esta oportunidade e este percalço para porem mais uma vez em causa o cumprimentos do memorando da troika (que eles próprios pediram e assinaram) e para pedir aos nossos credores mais tempo e, porventura, mais dinheiro. Entre a exigência de Portugal manter a palavra e os compromissos assumidos ou o facilitismo de pedinchar benesses e adiamentos, já se percebeu para que lado cai o PS.
Mas a verdade é que só se apresentam duas soluções para esta derrapagem orçamental. Ou o Governo espera que Bruxelas e a troika, depois de reverem os prazos do programa da Grécia, tomem a iniciativa de alargar para 2013 a meta do défice de 4,5% em Portugal, ou Passos Coelho e Vítor Gaspar terão mesmo que lançar mão de novas medidas de austeridade. Sabendo que o ambiente político e social é o menos favorável para tal decisão. E que o próprio Presidente da República já avisou «que se vê pouco espaço para que se possam exigir mais sacrifícios a quem já foi muito sacrificado».
Cavaco Silva acrescentou, no entanto, uma saída possível: «Só se eventualmente se pensar naqueles que, até ao momento, tenham sido poupados». E também o presidente do BPI, Fernando Urich, veio dizer que «há sectores de actividade e segmentos da população que ainda têm alguma margem de manobra» para mais austeridade. Irão, finalmente, acabar as facilidades e tratamentos de excepção a empresas como a EDP, a PT, a Galp, a própria banca?
Também aqui a opção é entre a exigência ou o facilitismo do costume.
«SOL»

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