20.10.12

Rir é o melhor remédio

Por Ferreira Fernandes
AGORA até importamos piadas. Teve de ser a austera The Economist fazer o trocadilho: depois de renomearmos o Algarve em Allgarve, vamos passar Portugal para "Poortugal" (de poor, pobre). E a culpa da falta de riso não é do povo, basta frequentar cafés e blogs para ver que estes anos são vintage de autoderrisão. O mal é dos líderes, incapazes de se picar a si próprios. 
De Nova Iorque, a lição chega-nos com Barack Obama e Mitt Romney. No tradicional jantar para recolher fundos para a Igreja Católica, no chiquérrimo Waldorf-Astoria, os candidatos expuseram as suas fraquezas para que os convidados gargalhassem. O Jantar Al Smith homenageia o primeiro católico que concorreu às presidenciais, em 1928, e perdeu por aquilo que se pode chamar uma anedota: dizia-se que ele recebia ordens do Papa... 
Quando os convidados se levantaram para bater palmas, Obama convidou-os a sentarem-se, não fosse aparecer Clint Eastwood, como na convenção republicana, e pôr-se a falar com as cadeiras vazias. O Presidente gozou também com a sua figura apagada no primeiro debate: "Senti-me recomposto, depois daquela sesta." 
Romney não se importou de sublinhar que é ricaço e, perante a assembleia de smoking e vestidos compridos, disse que era bom relaxar e usar o que ele e a mulher vestem em casa. 
É um belo elogio do político aos eleitores mostrar que está certo que eles o percebem.
«DN» de 20 Out 12

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