Rir é o melhor remédio
AGORA
até importamos piadas. Teve de ser a austera The Economist fazer o
trocadilho: depois de renomearmos o Algarve em Allgarve, vamos passar
Portugal para "Poortugal" (de poor, pobre). E a culpa da falta de riso
não é do povo, basta frequentar cafés e blogs para ver que estes anos
são vintage de autoderrisão. O mal é dos líderes, incapazes de se picar a
si próprios.
De Nova Iorque, a lição chega-nos com Barack Obama e Mitt
Romney. No tradicional jantar para recolher fundos para a Igreja
Católica, no chiquérrimo Waldorf-Astoria, os candidatos expuseram as
suas fraquezas para que os convidados gargalhassem. O Jantar Al Smith
homenageia o primeiro católico que concorreu às presidenciais, em 1928, e
perdeu por aquilo que se pode chamar uma anedota: dizia-se que ele
recebia ordens do Papa...
Quando os convidados se levantaram para bater
palmas, Obama convidou-os a sentarem-se, não fosse aparecer Clint
Eastwood, como na convenção republicana, e pôr-se a falar com as
cadeiras vazias. O Presidente gozou também com a sua figura apagada no
primeiro debate: "Senti-me recomposto, depois daquela sesta."
Romney não
se importou de sublinhar que é ricaço e, perante a assembleia de
smoking e vestidos compridos, disse que era bom relaxar e usar o que ele
e a mulher vestem em casa.
É um belo elogio do político aos eleitores
mostrar que está certo que eles o percebem.
«DN» de 20 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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