Se a crise é o que dizem ser...
ESTAMOS
mesmo à beira do desastre? Sei que muitos consideram o ponto de
interrogação supérfluo. Mas eu vejo nos líderes um tal deixa andar que o
desastre iminente só pode ser tremendismo a mais.
Se a crise fosse o
que dizem que ela é, os responsáveis políticos já teriam reagido como se
impunha. Porque o problema de Portugal é, antes do mais, um problema da
direção de Portugal.
De todos os países críticos semelhantes ao nosso, a
Itália é o que se tem comportado melhor: soube arranjar um líder. Tinha
um com um problema reconhecido: era desrespeitado. Trocou-o pelo
oposto, por um Mario Monti credível.
Se a crise fosse o que dizem que
ela é, faríamos o mesmo. Há certamente legítimos e legais mecanismos
extraordinários para a mudança. Se a crise fosse o que dizem que ela é,
nos mudados haveria o patriotismo da renúncia - e eles saíam pelo seu
pé. Umas eleições presidenciais ad hoc devolviam-nos um Chefe do Estado
respeitado, e o candidato natural seria Ramalho Eanes. A liderança do
PSD passaria de um impreparado para alguém competente. Seguindo igual
método (detetar o defeito maior e substituí-lo pelo oposto), no PS um
fraco daria lugar a um forte. No CDS não se mexia, para as suas funções
está bem entregue.
Com uma liderança assim tínhamos a nação convencida
de que estávamos no mesmo barco, meio caminho andado para aplicar um
programa, com prazo, só virado para a crise. Isso, claro, se a crise
fosse o que dizem que ela é.
«DN» de 8 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Com a ironia e a leveza imbatíveis de Ferreira Fernandes desenvolve-se uma ideia que também já sugeri em http://jarrapensativa.blogspot.pt/2012/09/que-fazer.html .
A ideia começa a parecer gerar consenso. A saída de Cavaco só por golpe de Estado. O homem já morreu e portanto, por ele, não se mexe...
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