Os arranjinhos dos generais
Por Joaquim Letria
A DEMISSÃO
do general David Petraeus como director da CIA chamou a atenção para o
puritanismo dum país onde o adultério é um delito em 23 estados da união
e atinge proporções de extrema gravidade nas suas Forças Armadas. Neste
momento, por esse mesmo motivo, altos comandos militares estão a ser
investigados, incluindo o general John Allen, que esteve para ser
nomeado comandante-chefe das forças da NATO no Afeganistão.
Tudo
ficou a descoberto com uma investigação do FBI, que garante a segurança
interna e que apanhou em falso o patrão da CIA, envolvido numa suspeita
troca de emails com duas mulheres. Estes casos reabriram o debate sobre
a estratégia de segurança há anos montada pela própria CIA e apoiada
pelo próprio Obama desde que chegou à Casa Branca.
A
CIA é hoje um elemento essencial duma estratégia externa marcada pelas
operações especiais e os ataques da sua frota de “drones” (aviões
teledirigidos). A chegada a Langley de Petraeus, o general de quatro
estrelas autor do manual de contra-rebelião que mudou a guerra do Iraque
após os fracassos iniciais, marcou um ponto culminante na militarização
da guerra das informações. Obama, que em breve vai ter de remodelar a
política externa e a segurança, poderá aproveitar esta ocasião para
reformular toda a política de inteligência de Washington.
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