24.12.12

No sapatinho, um conselho: cuidado

Por Ferreira Fernandes
LOGO à noite, o presente mais útil seria um capacete de estaleiro. O importante é metermos na cabeça o avisado conselho: cuidado. Ontem, como Elsa Monti já nos prevenira ("o meu marido nunca foi candidato a nada, nem ao Rotary Club"), Mario Monti confirmou: não será candidato às eleições mas está disposto a dirigir a Itália.
Professor de Economia, conselheiro do banco Goldman Sachs, Mario Monti foi chamado há um ano pelo ex-comunista Giorgio Napolitano, com beneplácito europeu de Sarkozy e de Merkel, para dirigir um governo de especialistas, com apoio parlamentar da direita e esquerda. A fórmula era bizarra - o costume é eleições e governo da maioria - mas a crise europeia e os excessos de Berlusconi juntaram-se para que o entorse fosse consensual. E era para um prazo curto.
Sóbrio (isto é, raro para quem se habituara a Berlusconi), Monti encantou com medidas de fogacho (prescindiu do ordenado), cumpriu q.b. nas reformas e os resultados italianos são medíocres, isto é, razoáveis, na média europeia. Treze meses passados, demitiu-se para haver eleições em fevereiro. A dúvida era: e Monti vai? Ele ontem aclarou: não vai e vai. Ir a votos, não vai, mas tem um programa que, se tiver seguidores, ele está disposto a voltar para governar. Os líderes histriónicos estão sempre disponíveis (até para bunga-bunga); os sérios, dizendo não estar, são tentados em tornar-se providenciais. O cuidado a ter é esse. 
«DN» de 24 Dez 12

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