No sapatinho, um conselho: cuidado
Por Ferreira Fernandes
LOGO à noite, o presente mais útil seria um capacete de estaleiro. O
importante é metermos na cabeça o avisado conselho: cuidado. Ontem, como
Elsa Monti já nos prevenira ("o meu marido nunca foi candidato a nada,
nem ao Rotary Club"), Mario Monti confirmou: não será candidato às
eleições mas está disposto a dirigir a Itália.
Professor de
Economia, conselheiro do banco Goldman Sachs, Mario Monti foi chamado há
um ano pelo ex-comunista Giorgio Napolitano, com beneplácito europeu de
Sarkozy e de Merkel, para dirigir um governo de especialistas, com
apoio parlamentar da direita e esquerda. A fórmula era bizarra - o
costume é eleições e governo da maioria - mas a crise europeia e os
excessos de Berlusconi juntaram-se para que o entorse fosse consensual. E
era para um prazo curto.
Sóbrio (isto é, raro para quem se
habituara a Berlusconi), Monti encantou com medidas de fogacho
(prescindiu do ordenado), cumpriu q.b. nas reformas e os resultados
italianos são medíocres, isto é, razoáveis, na média europeia. Treze
meses passados, demitiu-se para haver eleições em fevereiro. A dúvida
era: e Monti vai? Ele ontem aclarou: não vai e vai. Ir a votos, não vai,
mas tem um programa que, se tiver seguidores, ele está disposto a
voltar para governar. Os líderes histriónicos estão sempre disponíveis
(até para bunga-bunga); os sérios, dizendo não estar, são tentados em
tornar-se providenciais. O cuidado a ter é esse.
«DN» de 24 Dez 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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