O mundo rola como uma bola
O
FUTEBOL vale o que vale. Ibrahamovic, de pontapé de bicicleta a marcar o
golo à Inglaterra, como valquírias cavalgando helicópteros em Apocalyse
Now, ou Messi a dançar sozinho no que Tarantino precisou de dois, John
Travolta e Uma Thurman, em Pulp Fiction. O futebol são momentos, mas que
momentos!
E o futebol é também essa máquina de poder fátuo e
dinheiro farto que atrai burgessos como o ex-polícia com cenas manhosas
de incriminar árbitros ("depositas o dinheiro e queimas as roupas para
não seres reconhecido", disse a um cúmplice, esquecendo-se da câmara que
nos bancos filma, além das roupas, as trombas).
O futebol anda
por esse vasto território, dos magníficos aos tolos. E, lá no meio,
cenas da nossa vidinha. Ontem, por exemplo, Iker Casillas, no banco do
Real Madrid, isto é, pela primeira vez em dez anos afastado pelo
treinador. As câmaras filmaram-no quase tanto quanto aos 22 em campo. E
ele, que já teve momentos de futebol como os acima referidos (enfim,
exagero), passou o jogo com cenas de ex-polícia marado: fazia esgares de
sofrimento pela derrota do seu clube... Na verdade, Casillas, tido como
o soprador das notícias que desestabilizaram a equipa, conseguiu pela
primeira vez vergar a famosa pesporrência de José Mourinho. Este é hoje
um perdedor e de saída do Real Madrid. Shakespeare faria disto uma
grande peça, outros, um romance de cordel. O que Shakespeare nunca
conseguiria é fazer aquele pontapé de bicicleta.
«DN» de 23 Dez 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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