20.2.13

Pegando de cernelha boicotes a Relvas

Por Ferreira Fernandes
UM GRUPO de rapazes marcou uma sessão num clube de Gaia para cantar Grândola. Cantaram mal. Não gostei mas guardei a viola no saco: os rapazes estavam no seu clube, organizaram aquela sessão. Tinham direito a desafinar à sombra de uma azinheira ou na sua sala de Gaia. Mas Miguel Relvas apareceu e boicotou a reunião, cantando maviosamente. Repudio, claro, a atitude do ministro: os rapazes cantadores da Grândola têm direito a desafinar, no dia e local que marcaram para o fazer. Cito a canção: "Em cada rosto igualdade." Com rosto, o Zeca referia-se mais a garganta. "Em cada garganta igualdade" (bela ideia). Os gargarejos dos rapazes não podem ser abafados pelo ministro, lá porque ele canta melhor. Digo-o com a convicção de quem, se um dia a voz do ministro for calada, serei o primeiro a defendê-lo. Cito outra vez: "Terra da fraternidade." Quer isto dizer, ninguém cala ninguém. Ora, isso não entende Miguel Relvas, que, no dia seguinte, ontem, voltou à carga no ICSTE. Aqui, outro grupo de rapazes marcou uma sessão para mostrar cartazes e gritar palavras de ordem. Contumaz, Relvas apareceu e boicotou, com o seu silêncio, a liberdade de expressão dos gritadores. 
Volto a dizer, a liberdade de expressão de Relvas acaba onde começa a dos outros. E volto a repetir: fossem de Relvas as sessões em Gaia e no ICSTE, e delas ele tivesse sido expulso por intrusos, eu estaria aqui a defendê-lo. Aliás, é o que dizem as palavras de Grândola
«DN» de 20 Fev 13

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