Pegando de cernelha boicotes a Relvas
Por Ferreira Fernandes
UM GRUPO de rapazes marcou uma sessão num clube de Gaia para cantar Grândola.
Cantaram mal. Não gostei mas guardei a viola no saco: os rapazes
estavam no seu clube, organizaram aquela sessão. Tinham direito a
desafinar à sombra de uma azinheira ou na sua sala de Gaia. Mas Miguel
Relvas apareceu e boicotou a reunião, cantando maviosamente. Repudio,
claro, a atitude do ministro: os rapazes cantadores da Grândola têm
direito a desafinar, no dia e local que marcaram para o fazer. Cito a
canção: "Em cada rosto igualdade." Com rosto, o Zeca referia-se mais a
garganta. "Em cada garganta igualdade" (bela ideia). Os gargarejos dos
rapazes não podem ser abafados pelo ministro, lá porque ele canta
melhor. Digo-o com a convicção de quem, se um dia a voz do ministro for
calada, serei o primeiro a defendê-lo. Cito outra vez: "Terra da
fraternidade." Quer isto dizer, ninguém cala ninguém. Ora, isso não
entende Miguel Relvas, que, no dia seguinte, ontem, voltou à carga no
ICSTE. Aqui, outro grupo de rapazes marcou uma sessão para mostrar
cartazes e gritar palavras de ordem. Contumaz, Relvas apareceu e
boicotou, com o seu silêncio, a liberdade de expressão dos gritadores.
Volto a dizer, a liberdade de expressão de Relvas acaba onde começa a
dos outros. E volto a repetir: fossem de Relvas as sessões em Gaia e no
ICSTE, e delas ele tivesse sido expulso por intrusos, eu estaria aqui a
defendê-lo. Aliás, é o que dizem as palavras de Grândola.
«DN» de 20 Fev 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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