Tempos esquisitos estes que vivemos
Por Ferreira Fernandes
Philippe Varin, o patrão da empresa francesa de automóveis PSA (Peugeot e Citröen), vai reformar-se para o ano e isso é notícia que nos interessa não só por o sucessor ser Carlos Tavares, filho de emigrantes portugueses. Varin foi ontem um caso - um escândalo detonado e resolvido no mesmo dia - que talvez não venha a ter muitos filhotes mas revela os tempos revolucionários que vivemos.
A Grande Crise Europeia (2008-20??) talvez não traga nenhum assalto ao Palácio de Inverno, mas daqui a algumas décadas ainda se falará dela pelos casos (episódicos ou estruturais, ver-se-á) que abalaram certezas adquiridas. Das leis portuguesas poderem ter efeitos retroativos aos governos italianos e gregos poderem ignorar os parlamentos, a Europa tem vivido momentos de espantar. Não se trata aqui de julgar esses momentos, mas só de lembrar que eram inacreditáveis antes da eclosão da crise.
Ontem, a França viveu um desses momentos: um grande patrão foi obrigado a renunciar a qualquer coisa que estava inserida na ordem habitual das coisas. A PSA foi mal gerida, teve perdas gigantescas, precisou de apoio do Estado, despediram-se trabalhadores ou diminui-se-lhes o salário e preparou-se um pacote de 21 milhões de euros para a reforma de Varin. Enfim, o habitual até agora. Ontem, porém, Varin teve de renunciar à reforma, tais foram os protestos. Mais um episódio, como a expulsão do senador Berlusconi? Ou tempos que vão determinar novos rumos?
«DN» de 29 Nov 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
O Carlos Tavares está na PSA? Parece-me que é na Renault-Nissan.
De resto está um primor, não fosse do FF.
Enviar um comentário
<< Home