2.10.15

Não revelar um centímetro

Por Antunes Ferreira
Alguns Portugueses mais ingénuos ou menos informados julgavam e julgam que o senhor que ocupa o Palácio de Belém (felizmente em regime de transitoriedade) era/é o Chefe do Estado (a que isto chegou…piada calina, mas que gosto de utilizar). Gente bem-intencionada, muita dela que ainda acredita no Pai Natal, acha que é melhor ter um Presidente da República do que não ter nenhum. De resto o povo também afirma que é melhor ter um pássaro na mão do que dois a voar. Longe de mim fazer tal comparação espúria: os passarinhos não a mereceriam; já os passarões…
E já que estamos no tema voar, refiro aqui as palavras de Sua Excelência aos jornalistas em Nova Iorque para onde voou a fim de tomar parte no âmbito da abertura da 70.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas. Antes de embarcar de volta a Lisboa e perante perguntas que lhe foram feitas por elementos da comunicação, Cavaco não foi de modas e disse com todas as letras que "Quanto ao dia 5, eu estou com muita tranquilidade, sei muito bem aquilo que irei fazer e todos sabem que eu sou totalmente insensível a quaisquer pressões, venham elas de onde vierem.”
O putativo PR ainda declarou: “Decidirei nos termos dos meus poderes constitucionais e colocando sempre em primeiro lugar o superior interesse nacional". No entanto Cavaco  escusou-se a revelar a forma como irá decidir, apesar de afirmar já ter uma solução pensada: "a forma como irei decidir, embora já esteja na minha cabeça, eu não irei revelar nem um centímetro". E acrescentou: "Não quero avançar absolutamente mais nada, segui o princípio de nunca fazer nenhuma afirmação que pudesse ser entendida como interferência na campanha eleitoral".
Porém, não se ficou por ali, reiterando que a campanha eleitoral está a decorrer com "uma razoável normalidade" e que parece ter sido "mais esclarecedora" e sem "níveis de ataque pessoal" como no passado, Cavaco  pediu que se deixe os partidos terminarem este período com "o mesmo espírito esclarecedor com que chegaram até aqui". Ele também fez referência a notícias que saíram sobre o que pensava do pós-eleições, mas assegurou que nem ele, nem nenhum elemento do seu gabinete fez declarações sobre a campanha eleitoral além do "pedido elementar" para que todos se empenhem no esclarecimento e no respeito pelo eleitorado.

"Aguardo, de facto, com toda a tranquilidade e serenidade o conhecimento dos resultados que irei acompanhar - como percebem - com muita, muita atenção", disse. Face a uma pergunta
sobre se o número de mandatos que os partidos alcançarem será um factor determinante na sua decisão, o chefe de Estado insistiu na recusa em fazer qualquer afirmação sobre o pós-eleição, argumentando que "poderia ser interpretado como tentando condicionar aqui ou acolá".

"Irei ainda falar ao povo português no sábado, será aquilo que é hábito da parte do Presidente da República, o apelo a que todos vão votar. Isso é o mais importante, que todos vão votar em consciência", acrescentou, insistindo que "agora ainda é o tempo dos partidos" e que "não é ainda o tempo do Presidente da República". No que concerne à abstenção, o venerando chefe de Estado disse ter esperança que os habituais níveis elevados possam reduzir-se, aludindo às recentes eleições na Catalunha, onde a taxa de participação foi muito elevada, porque os eleitores consideraram que estava em causa algo muito importante para o futuro da Espanha e da região.

Terminou em glória, ainda que sem palmas: "Eu desejava isso, que os portugueses considerassem que esta decisão do próximo dia 4 também é algo muito importante para o futuro do país. É uma decisão dos portugueses e eu espero que eles não deixem de encontrar lá um espaçozinho nas suas actividades do dia 4 para dirigirem-se às secções de voto", disse ainda. Gostei particularmente do “espaçozinho” que deverá, por certo, na galeria de disparates pronunciados: “cidadões”, “façarei”, etc., tudo com o apoio à produção da Senhora de Fátima e da editora do Manual de Berros da autoria de Manuel de Barros.

Este comentário é 90 % respigado da comunicação social; mas para mal dos meus pecados – que são muitos – também os ouvivi, contrariando uma vez mais uma decisão irrevogável que antes tinha tomado e afirmado, E anda um aditamento: quando este texto for lido já estaremos no período de reflexão. Mas podem crer que ele foi escrito antes, mais precisamente às 01:30 da quarta-feira passada; porque combater contra os calendários e relógios que impávidos e serenos marcam, inexoráveis,  o tempo, não há reflexão que resista.

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4 Comments:

Blogger opjj said...

A avaliar pelas sondagens você vai levar cá uma coça. Talvez se cale para não ofender a sua consciência.Só ressabiamento nos seus escritos como se eles fizessem jurisprudência.Só têm o peso do seu voto.
O último a rir quem será?Como se o povo fosse parvo.

3 de outubro de 2015 às 20:32  
Blogger Unknown said...



Volto à estacada o que para um gajo (eu) que prometera que nunca mais politicescreveria; é como a maioria dos concorrentes e dos respectivos partidos prometem, prometem, prometem e não cumprem; com uma excepção se bem me lembro: o general Eanes.

O Sr. opjj (que decididamente não gosta de mim...) não passa de um "anónimo"/com iniciais... E repito: não gosto de "anónimos" nem com molho de tomate!

Bato com a mão no peito: acreditava no António Costa; mas não me venham dizer que a culpa não foi dele mas dos que o rodeavam... Voltámos, por conseguinte, ao tempo do Botas/Esteves: Salazar até era um senhor bué de fixe; os ministros (que ele escolhia) é que eram maus como as cobras. Valham-nos Santa Engrácia e a Santinha...


No que concerne o PCP O partido foi mais uma vez vencedor, o Bloco de esquerda passou-lhe à frente (o que não é importante), mas o importante é que impediu a maioria absoluta. Que eu me lembre, em todas as eleições em Democracia O partido foi sempre vencedor. Sempre!)

Isso aconteceu uma vez mais ontem. Os discursos (?) dos comunistas foram um excelente exemplo de equilíbrio em corda bamba. Um tanto patéticos, digo eu.

Para mim de quem mais gostei foi da Catarina. Sem se alterar, sem erguer a voz, se arrotar postas de pescada foi quase diria em pontas dos pés ganhar vantagens para o BE que parecia morto, mas ela (e mais a Mortágua) ressuscitaram-no!

O povo não é parvo - mas parece. Votar em quem o tem roubado, atormentado, enganado é bem o exemplo disso. Pelos vistos o povo é masoquista: quanto mais me bates mais gosto de ti...

... e Viva o Sportinggggg!!!!!!!!!!

5 de outubro de 2015 às 23:57  
Blogger opjj said...

Caro Senhor nem gosto ou tenho de gostar da sua pessoa, falamos de ideias que até poderão ser melhores do que as minhas.
A propósito do seu texto:
1- Não sou anónimo, são as iniciais do meu nome começando por Octávio.
2- Portugal não tem dinheiro para catar um cego pelo que, se recebe pensão, uma grande parte deve-a à Alemanha, França Austria que são contribuintes líquidos.
3- Não sei se já reparou, o Bloco e o PC são umas crianças a começar pelo mentiroso Jerómino que apenas numas horas mudaram de programas para se atrelar ao PS. Como podemos confiar em crianças!
4- Gostava de ver governar a sua casa sem dinheiro e sem credores!
5- As crianças também mentem, fez-me lembrar um médico amigo que foi salvo da polícia porque o seu filho com 9 anos mentiu ao guarda.
Ñão sou fundamentalista,Sou pela verdade e respeito pelas pessoas.

6 de outubro de 2015 às 09:50  
Blogger opjj said...

Adenda: a Mortágua é tão boa que nas comissões parlamentares só se pavoneou e apesar da sua soberba, não chegou e levou uma lição de economia pela ministra Maria Luis.
Mais, com tantas farronfas não foi capaz de dizer onde o ladrão Salgado que tendo desobedecido ao governador do BP ainda roubou nos 3 dias últimos 1.600 MM€.
Onde param estes 1600 MM€.
Tenho dito.

6 de outubro de 2015 às 10:02  

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