19.5.16

Laicidade, crenças e liberdades

Por C. Barroco Esperança
Quando a jihad islâmica começou a ameaçar a Europa, depois de o Islão ter sido banido no século VII, várias vozes advogaram o diálogo entre civilizações, confundindo estas com as religiões, como se os valores civilizacionais pudessem incluir todos os preceitos e preconceitos das diversas crenças.

De algum modo, tentou fazer-se a síntese de preconceitos para criar um novo paradigma comum, esquecendo que a civilização europeia se tornou secular e laica e que, mesmo a contragosto do clero, já foi assimilada pelos cristãos.

O ecumenismo, a utópica busca unitária entre cristãos, passou a designar, na apressada aceitação da semiótica cultural, uma quimera, o fraterno e definitivo diálogo entre todas as religiões, de modo a banir a concorrência entre si e, quiçá, eliminar os não crentes.

Rejubilaram os clérigos no seu proselitismo, pensando na conjugação de esforços para a eliminação do ateísmo, agnosticismo, racionalismo e ceticismo, isto é, uma vitória sobre o livre-pensamento.

Esqueceram-se os almocreves da fé que a civilização originou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, nomeadamente a igualdade de género e respeito pela orientação sexual como direitos inalienáveis, sendo incompatíveis com os códigos morais da Idade do Bronze que os monoteísmos perpetuam sem condescendências.

O caminho da paz não está na renúncia à laicidade e ao secularismo perante as religiões, mas na submissão destas à civilização, que permitiu o direito à crença, descrença e anti crença, sendo o Estado o garante da neutralidade e defensor das liberdades individuais.

Ninguém ignora que o desemprego, a pobreza e a segregação exacerbam a frustração e a violência, que a crise económica, social e política que atingiu a Europa cria as condições para a explosão da fé e das bombas, mas é no respeito pela diversidade étnica e não pela sujeição às religiões que passa a vitória da civilização contra o retrocesso civilizacional.

A liberdade dos homens é demasiado preciosa para ser deixada ao arbítrio de Deus cuja interpretação da vontade é reclamada pelo clero, que se reclama detentor do alvará.

Apostila – A eleição de Sadiq Kan, para presidente da maior Câmara do Reino Unido, é a vitória de um islamita progressista e democrata contra o islão ignorante, reacionário e intolerante, a vitória do crente ilustrado que expurgou da fé a violência e o obscurantismo.

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2 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

É tão perigoso interpretar a vontade de Deus, como interpretar a vontade os homens(isto é, quando um ditador se assume como iluminado para os conduzir)Só em democracia é expressa esta vontade.
A declaração universal dos direitos do homem data de 1948.Mas,infelizmente o mundo ainda gira a duas velocidades. Talvez, porque os interesses económicos e financeiros de muitos países falaram mais alto que os princípios consagrados nesta Declaração.

19 de maio de 2016 às 12:04  
Blogger opjj said...

Tem que explicar melhor a Igualdade do género e como as parelhas gays se vão reproduzir.Qual deles dá meninos/as.
Isto na Europa é uma mer*** só capitalismo. Bom é nas Ásias onde se limpa o Cobre=Cu a pedras e se defende a "honra" à pedrada.
Que bem se os anticapitalistas migrassem!Têm por onde mas parecem lapas, não desapegam do capital.

19 de maio de 2016 às 15:46  

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