O ruído que abafa o furacão
Por C. Barroco Esperança
Enquanto a Sr.ª May, desorientada, afunda o Reino Unido e arrasta a União Europeia para um futuro incerto, acusa Putin de mandar envenenar o ex-espião russo que mudou de patrão, Sergei Skripal, e a filha, e comunica a suspensão de contactos bilaterais com Moscovo, expulsando 23 diplomatas.
Entretanto, Donald Trump nomeou John Bolton conselheiro de Segurança Nacional, um norte-americano que defende ataques nucleares preventivos à Coreia do Norte e ao Irão, e logo apontou Vladimir Putin como o responsável direto pelo ataque contra o ex-espião russo, em solo britânico.
O Reino Unido, sem apresentar provas, com o inquietante precedente das armas químicas de Saddam, conseguiu facilmente apoio dos EUA, Canadá e da maioria dos 28 membros da União Europeia, com a honrosa prudência da ONU e, entre poucos, de Portugal, para retaliar a Rússia cujos diplomatas passaram a ser considerados espiões.
Quando a comunicação social mundial silencia o genocídio que uma coligação liderada pela Arábia Saudita, a mais rica teocracia do Eixo do Bem, leva a efeito no Iémen, não surpreende que seja notícia a alegada invasão da Arábia Saudita por mísseis iemenitas que só não atingem o alvo graças às compras avultadas de armamento aos EUA.
Se o Reino Unido não explicar como pôde Putin usar contra o ex-espião russo o veneno que o vitimou, estamos perante uma grotesca e colossal encenação, que augura o pior dos cenários e a mais dramática das expectativas em relação à paz.
É lícito pensar que o ruído imenso à volta da Rússia e o seu isolamento é uma forma de disfarçar a derrota anglo-americana na Síria e o pretexto para a escalada belicista, sem precedentes, a começar no Irão e/ou na Coreia do Norte.
Há um furacão apocalíptico em marcha e prevê-se que a verdade seja a primeira vítima do ruído que ressoa de um só lado. Só surpreende a unanimidade com que, até prova em contrário, um monstruoso embuste consegue a unanimidade dos órgãos de informação, sem necessidade de provas.
É urgente indagar o papel do Faceboock na eleição de Trump, no referendo catalão e no Brexit, e saber como a nova direita populista confiscou o arsenal da ciberguerra através da Cambridge Analytica.
A direita populista, em geral, e a estado-unidense, em particular, são as beneficiárias da conjura montada.
Etiquetas: CBE
6 Comments:
Excluindo a "santidade" de Putin, o restante parece-me bem.
SLGS:
Para que não restem dúvidas, considero Putin um déspota, o que não me impede de verificar que há déspotas bons e maus, consoante são do 'Eixo do Bem' ou do 'Eixo do Mal'.
Neste caso, apenas me indigna que, sem apresentação de provas, se acuse alguém que era o amigo do candidato Trump e passou a ser o inimigo do PR dos EUA.
O xadrez político internacional está bastante confuso. Indivíduos como Trump e Putin,supostamente eleitos democráticamente,líderes de grandes potências mundiais.Kim Jong Un e as suas perigosas experiências nucleares...A velha Europa cada vez mais fraca...A China um constante mistério...Qual será a solução?
Put in é um santo. Incapaz de mandar envenenar alguém.Andou a jogar paciências nos serviços secretos.
É preciso é ter fé.
Este comentário foi removido pelo autor.
OPJJ:
Sobre Putin já ambos dissemos o que pensamos, mas esquecer as armas químicas de Saddam parece-me uma ingenuidade quando ainda não se conhecem provas nem se diz qual é o estado de saúde do ex-espião.
A desconfiança de Ilha da Lua é razoável e deve-nos tornar cautos.
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