28.9.18

Jovens & Velhos

Por Joaquim Letria
Nesta euforia situacionista que Portugal vive esquecemos muitas vezes duas importantes realidades. Uma é a do mundo das dificuldades que Jovens & Velhos têm de enfrentar para fazerem face à vida que desejam viver hoje; a outra é o reconhecimento de que, apesar de todos os defeitos e desperdícios, escândalos e poucas vergonhas, o País mudou, com uma vida melhor para as populações, uma melhor saúde pública, uma velhice mais digna e prolongada, mais modernidade em algumas infra-estruturas, mais liberdade e melhor dia-a-dia, educação aberta para todos os que souberem lutar contra as dificuldades e forem capazes de agarrar as oportunidades.
Não podemos ignorar o modo como os nossos cientistas, investigadores, poetas, romancistas, actores, dramaturgos, realizadores, arquitectos, desportistas, pintores e músicos nos enchem de orgulho, cá dentro e lá fora, com a sua criatividade, a sua preparação e a sua qualidade. A vida cultural que Portugal hoje oferece aproxima-se do nível de outros países mais ricos e desenvolvidos e não nos envergonha em nada. Mas por tudo isto não podemos negar ajuda, compreensão e oportunidades a tantos que lutam por uma possibilidade de demonstrar o seu talento.
Há uma música dos Deolinda que vale a pena ouvirmos de vez em quando, para lhes darmos razão e ajudarmos a que a verdade amarga de que nos fala deixe de ser assim, para tantos. Reza assim essa canção:
“Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.” 
Pois é… temos de conseguir construir uma sociedade capaz de criar espaço para que quem sai da universidade possa ter o lugar a que tem direito pelo seu conhecimento e pelo seu esforço. Na minha modesta opinião competiria às universidades auxiliar-nos mais a construir esse espaço.
Publicado no Minho Digital

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Muito bem e muito bem escrito, como é costume. Obrigado.

2 de outubro de 2018 às 20:35  

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