AS TRISTES NAÇÕES DESUNIDAS
Por Joaquim Letria
Sem liderança nem consenso, as Nações Unidas servem para pouco mas têm, no entanto, enormes desafios pela frente, enfrentando o futuro com a sua triste e penosa burocracia.
O regresso da guerra fria promovido pelas grandes potências e outras grandes ameaças globais são preocupantes ameaças à segurança da humanidade. As mudanças climatéricas, as doenças infecciosas, a fome, os conflitos regionais, a segurança digital e a proliferação nuclear são elementos demasiado preocupantes para quem espera que a ONU proteja e reorganize a vida humana como nós pensámos que esta organização seria capaz de fazer depois do fracasso da Sociedade das Nações.
Todas estas coisas preocupantes são diferentes na sua natureza e no seu grau de urgência mas com um traço comum a ligá-las: só a cooperação multilateral e um grande esforço internacional podem ajudar-nos a respirar fundo e a reduzir as capacidades destruidoras que nos ameaçam.
Se pensarmos um pouco, depressa chegamos à conclusão de que é o multilateralismo e as conversas, e eventualmente possíveis negociações formais, que continuam a fazer sentido e a obter resultados, mesmo que mínimos, e a tornar indispensável a existência das Nações Unidas.
Todavia, nada disto é o bastante. É fundamental a criação duma nova ordem multilateral e é indispensável reformar as Nações Unidas deste modelo obsoleto, burocrata e pouco capaz que lhe conhecemos no último meio século. Quando os grandes se não entendem, a ONU deixa de servir para grande coisa e fica incapaz de exercer as suas tarefas e corresponder às nossas expectativas e necessidades.
Pense-se e compare-se no que a ONU foi na guerra fria e como se apresenta hoje, por exemplo, nas jogadas entre os Estados Unidos e a China e perante as diatribes e a má-criação de Trump. É uma pena, porque precisamos muito dela.
Publicado no Minho Digital
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