Pensando no futuro…
Por C. B. Esperança
O facto de o PS, por razões conhecidas, não ter explicado que a crise financeira mundial de 2008, provocada pela falência do banco Lehman Brothers, foi a principal responsável dos problemas financeiros nacionais, impediu os portugueses de tomarem consciência do efeito perverso do princípio dos vasos comunicantes no sistema bancário, conhecido por risco sistémico.
Admira, por isso, que a pandemia em curso e a guerra na Ucrânia, tão funestas e de proporções colossais, torne autistas os partidos políticos e as pessoas, sem reverem os seus paradigmas, enquanto a extrema-direita capitaliza o medo, a incerteza, a raiva e o ressentimento, com o discurso de ódio, que ganha adeptos e não encontra oposição.
Surpreende que, após seis milhões de ucranianos refugiados, um número incalculável de mortos e estropiados, o espetro da fome mundial e o declínio da Europa através de uma guerra onde a geoestratégia comanda os disparos, haja quem, na UE, confunda o jogo de poder das grandes potências nucleares com a ética.
Quando está em causa a continuidade do planeta, é desolador ver líderes mundiais numa disputa que arrisca a vida na Terra e garante a derrota de todos os povos, indiferentes ao sofrimento, à fome e ao desespero que alastram a todos os continentes.
Países, partidos e pessoas continuam indiferentes e irresponsáveis face à maior e à mais arrasadora tragédia das nossas vidas num planeta a cuja sobrevivência parecem alheios.
Quando é urgente garantir as necessidades básicas para todos, fingem viver num mundo paralelo onde a água, o oxigénio, o ozono, a constância climática e os alimentos jamais faltarão para qualquer habitante desse planeta imaginário.
Quando a utopia de uns e o egoísmo de todos se tornam dominantes, o aparecimento da vacina para o coronavírus deixa de ser determinante e a paz na Ucrânia já não remedeia os danos económicos, climáticos e éticos já causados.
Vamos todos acabar mal.
Etiquetas: CBE
1 Comments:
A principal causa da crise financeira portuguesa de 2018 foi a nossa deficiente estrutura econômica, a crise bancária mundial agravou mas, essencialmente, antecipou a data da bancarrota inevitável pelas sucessivas governações corruptas e desastrosas. Outros muito mais expostos do que Portugal à banca americana passaram bem melhor a crise.
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