Um labirinto bem português
Sugestão para um monumento aos alegres responsáveis pelo que aqui se conta
HÁ um par de anos passei por uma povoação dos arredores de Lisboa e nunca mais me esquecerei de que, quando quis sair de lá, «me vi e desejei» - tal a confusão (alternando com a inexistência) da sinalização:
De vez em quando (e depois de muito penar), lá encontrava uma tabuleta ranhosa com uma seta que dizia SAÍDA mas, a partir daí, sucediam-se as bifurcações, "trifurcações", rotundas e cruzamentos sem qualquer outra indicação - e, a breve trecho, empurrado por uma boa meia-dúzia de sentidos-proibidos, encontrava-me exactamente no mesmo local!
Ora, na semana passada, tive a desdita de ser obrigado a voltar à mesma terra e, como já receava, a certa altura dei por mim a reviver o pesadelo.
Por fim, desesperado, parei o carro e abordei um pequeno grupo de pessoas que por ali se encontrava:
- Os senhores desculpem... eu gosto muito da vossa terra, mas agora queria ir-me embora e não consigo...
Com um sorriso cúmplice, lá me deram as indicações necessárias (tão longas e confusas que tive de as anotar num papel!) e, no fim, não calaram um desabafo:
- Isto é uma desgraça... A situação já é velha e toda a gente que cá vem se queixa do mesmo. A população já está farta de pedir que metam uma sinalização decente, mas ninguém liga...
E o encolher-de-ombros de todos os presentes deixou no ar a ideia (porventura nada injusta) de que «eles» só se preocupam com o povo na altura das eleições.
O que já não é mau, pois isso quer dizer que talvez por volta de Outubro eu me possa arriscar a lá regressar.
1 Comments:
Por acaso não estará a referir-se ao Montijo?
Duarte
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