Estranha publicidade
COMO sabe quem vê televisão, a PT anuncia agora um novo tarifário num pequeno filme em que aparece uma senhora estremunhada.
«1 cêntimo por minuto?!» - pergunta ela, incrédula.
E somos informados de que acertou! Fiquei entusiasmado (com o tarifário...), mas pessoa amiga disse-me que isso era «só no horário económico». Passei, pois, a estar com mais atenção.
Ora hoje, quando surgiu o anúncio novamente, vi que aparece (em letras pequeníssimas e a fugir - sem que haja meio-segundo para ler a frase toda) qualquer coisa como:
«Válido só para...» - e PFFF! Já não deu para ler o resto; mas tenho boas razões para suspeitar que seja, de facto, só aos fins-de-semana e à noite...
Vou tentar ler melhor da próxima vez, para ver se PT significa, ou não, «Publicidade Tonta».
A menos que me digam:
«Então não se vê logo que é só para o horário económico? Se a senhora estava a dormir, isso significa que, em pricípio, é à noite. Ou então é de dia, e ela levanta-se tarde porque é fim-de-semana. Só não percebe isso quem estiver de má-fé!»
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NOTA: Ver, em "Comentário-3", uma crónica de Appio Sottomayor (publicada com autorização do autor) em que também se aborda este assunto
3 Comments:
Por acaso reparei logo na validade do tarifário apenas em horário económico, embora essa restrição apenas seja mostrada no spot televisivo, não dita na rádio ou nos moopies.
A minha questão é se esse tarifário é válido para qualquer cliente, qualquer plano, com efeitos imediatos.
No site da PT não é feita qualquer referência. Já encontrar os preços das chamadas é uma tarefa difícil.
É a PT... mais palavras para quê?!
Porquê que julga que a Tele-2 tem já 10% do mercado?
Porquê que julga que a PT caiu na Bolsa, à volta de 15% a 20%, nos últimos meses?
Sabe, que uma empresa em que um "accionista" com 500 acções, das 1.000.000.000, manda e "coloca" 500 Comissários Políticos (com PSD ou PS), a ganharem "n" mordomias, só pode dar no que está à vista....
PS Não tenho interesses accionistas na PT ou Tele - 2.
Crónica de Appio Sottomayor, n' A Capital de ontem, aqui publicada com autorização do autor:
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O MUNDO GOSTA DE MIM
As chamadas sucedem-se, num ritmo que me impede de ignorar ou descurar o assunto. Geralmente, o interlocutor identifica-se - «o meu nome é F.» E, logo a seguir, indica qual a empresa que representa. Segue-se um educado pedido de desculpas por estar a gastar o meu tempo, após o que passa ao ataque. Quer saber qual a operadora que uso para os meus telefonemas e, na posse desse conhecimento, aconselha-me paternal ou maternalmente a mudar de linha. E explicita todo o rol de vantagens que passarei a ter, as quais incluem, invariavelmente, chamadas de borla para múltiplos destinos e em não sei que dias. Juro que vou meditar no tema, enquanto ele (ou ela) me recomenda que o faça depressa porque «a campanha vai acabar». Mal desligo, vem outro/a gentil inquisidor querer saber como me sirvo da Internet e recomendando o sistema X por oferecer condições muito superiores e mais baratas - a menos que prefira usar o Y ou ainda o Z ou mesmo o W. Claro que com tantos números e opções, já tenho a cabeça em água. Mas falta ainda atender o senhor que descobriu que eu pago mensalmente uma fortuna em telemóvel e que poderia poupar mudando para as modalidades que passa a expor - e são muitas.
Meio alucinado, atendo ainda nova chamada, desta vez da gestora da pobre conta que tenho no banco. A prestimosa senhora quer aconselhar-me uns novos produtos que, segundo percebi, me deixarão rico. E desdobra diante do meu ouvido, atento mas incapaz de fixar todos aqueles filões, um rol de nomes, números, percentagens e prazos, deixando-me gago e sem saber qual o rumo a tomar para a fortuna.
Vou então à caixa do correio, onde verifico que todos os supermercados da área e mais alguns que moram longe fizeram questão de me informar de que não terei de me ralar com o IVA e aumentos anunciados: eles assumem.
De novo o telefone: «o senhor acaba de ganhar uma viagem para duas pessoas às paradisíacas ilhas» de não sei onde, diz-me uma voz entusiasmada que me convida a visitar o seu escritório para acertar pormenores. Fico danado por ter deixado caducar a validade do passaporte. É então que me anunciam o euromilhões.
É isto: o mundo todo gosta de mim - e eu, sempre distraído, nem dou conta.
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