Estás óptimo
Por A.M. Galopim de Carvalho
- Estás óptimo, pá! – É o que, geralmente, oiço, sempre que dou de caras com um parente ou amigo que não via há algum tempo.
Esta apreciação, sem dúvida, cordial e simpática, verifica-se, praticamente, em todas as situações, em moldes menos ou mais cerimoniosos, com mudanças apenas na forma verbal do tratamento, que vai do tu e do você ao deferente senhor professor. Reflectindo acerca desta expressão, estereotipada e muito comum entre a nossa sociedade, não posso deixar de concluir que, no subconsciente das pessoas que me a dirigem, ainda que em jeito de cumprimento amistoso, era suposto eu estar mais envelhecido, debilitado ou, mesmo, decrépito. Dita com a melhor das intenções, esta frase tem o condão de nos confrontar com uma realidade incontornável, a todo o momento lembrada, com a qual não podemos deixar de aprender a conviver.
De qualquer maneira, é bom sinal continuar a ouvi-la.
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NOTA (CMR): esta e outras crónicas do mesmo autor estão no seu blogue Sopas de Pedra.
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