GERTRUDE, o médico e o monstro
Por Manuel João Ramos
Gertrude em Bordéus
POUCOS PORTUGUESES SABEM o que é o GERTRUDE. E menos ainda sabem como funciona e para que serve.
Em breves palavras: o GERTRUDE é um sistema de controlo centralizado de gestão do trânsito, implantado na cidade de Lisboa há cerca de vinte anos. É basicamente um software que gere o sistema de semáforos do centro da cidade e gere os fluxos automóveis, através de sensores implantados no pavimento ligados a uma estação central de controlo viário. Foi concebido por uma empresa de Bordéus, e tem sido gerido em parceria pelo departamento de tráfego da CML e pela EISA-TESIS, uma firma portuguesa que detém o monopólio da semaforização de Lisboa (por sinal, a mesma que implantou o sistema de radares fixos da cidade).
O GERTRUDE tem sido criticado por contribuir para o estado geral de caos do trânsito da cidade, e para o ambiente de insegurança rodoviária que resulta de uma circulação automóvel feita em velocidade excessiva.
O que quase ninguém sabe é que:
1) o sistema é flexível, 2) o seu afinamento actual não é imputável à empresa francesa, mas resulta de directivas políticas assentes numa visão arcaica da mobilidade urbana, e 3) a empresa tem, desde há vários anos, insistido em convidar – sem qualquer sucesso até hoje - os sucessivos presidentes da CML e seus vereadores do trânsito, bem como as administrações da Carris, a visitar Bordéus, para que uns e outros possam perceber como o sistema pode funcionar com outro tipo de directivas.
(...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: Bordéus, CML, Gertude, MJR, Mobilidade
3 Comments:
Caro Manuel João Ramos,
Os portugueses têm carro há muito menos tempo que os franceses (ou genebrinos, que aplicam o modelo de Bordéus). É difícil tirar-lhos.
Isto dito, que bom seria - ou será, quando fôr politicamente possível - não é?
Caro Luís Serpa,
Bem sei, mas que fazer? Talvez os filhos franceses dos nossos emigrantes se lembrem um dia de nos vir explicar porque preferem não fazer a viagem de retorno...
"Talvez os filhos franceses dos nossos emigrantes se lembrem um dia de nos vir explicar porque preferem não fazer a viagem de retorno..." - Isso, caro Manuel João Ramos, eles dizem-nos todos os dias.
"Bem sei, mas que fazer?" - Confesso-lhe que não sei. Melhorar os transportes públicos, seguir o modelo de Londres, explicar às pessoas o que se pretende (no fundo é esse o objectivo da política, creio), esperar?
Não sei. Não sou político. Tudo menos esperar...
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